Escolhi falar deste tema porque há muito uma idéia vem me rondando a cabeça: Por que a alegria não encontra espaço na escola? Por que em muitas escolas de Educação Infantil – não por acaso também chamada de educação pré-escolar- professores e alunos são alegres, lidam com os saberes e sabores da vida com uma natural simplicidade, abertos ao inusitado, ao irreverente, ao prazer sem perder o foco da missão de ensinar e de aprender e esta alegria não consegue espaço nos muitos anos de escolaridade que se seguem?
Alunos e professores, quando presos ao espaço escolar, com toda a carga formal que lhe é imposta, perdem, gradativamente, esta alegria. E isto não é por acaso... A Escola vira o espaço da seriedade e a Classe de Alfabetização (hoje chamada de 1º ano de escolaridade) é o grande rito de passagem. Quem sobreviver a ele, minimamente, terá condições de seguir a diante, porque aprendeu a primeira lição: seriedade e alegria não combinam com escola, não combinam com o processo de transmissão de conhecimento.
Hoje, ouvindo os colegas de trabalho comentarem sobre suas infâncias e sobre como se alfabetizaram e percebendo a diferença etária existente entre eles é que constato o fato de que se muitos seguiram pela vida conservando a curiosidade da infância, a alegria da descoberta e o gosto pela leitura, isso não teve qualquer ligação com o processo de escolaridade que viveram, salvo algumas exceções. A grande maioria foi incentivada a realmente ler a vida em outros espaços, com outras pessoas que por não estarem presos ao rótulo de professor puderam ser educadores. Graças a Deus que estes subversivos existem na vida da maioria de nós... Graças a Deus, com estes, pudemos aprender que alegria combina mesmo é com saber, do qual a transmissão de conhecimento é apenas uma etapa. A escola bane a alegria de seu interior porque tantos sábios juntos incomodariam...
Mas aí, após esta constatação, vem o momento da tomada de decisão, momento político de real importância: Que escola queremos? Que professor desejamos ser? Podemos resgatar em nós e em nossos alunos a alegria do desvendamento de nós mesmos e do mundo? Queremos embarcar nessa aventura ou continuaremos fazendo da escola este espaço hermético, asséptico, enfadonho ? Queremos brindar com nossos alunos a vida que pulsa e trabalhar esta energia em todas as suas linguagens abrindo as portas para o que será ou rotineiramente, cumpriremos um ritual macabro de saudação eterna ao que já foi?
quinta-feira, 10 de janeiro de 2008
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