terça-feira, 26 de agosto de 2008

Aguardando comentários...

Caríssimos, inspirada pela profa. Érika, trouxe alguns trechos de FOUCAULT, e aguardo seus comentários por aqui, para irmos amadurecendo as idéias e para que possamos discutir alguns aspectos relativos ao tema na próxima reunião de planejamento, de uma maneira mais articulada.

O texto teórico é para nos ajudar a pensar, mas nossos comentários devem se aproximar da prática docente o mais que pudermos, certo?

Nosso desafio é: como atuar cotidianamente com os nossos alunos, equilibrando liberdade e disciplina?
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A tecnologia de poder e de controle disciplinar que começa a se constituir a partir dos séculos XVII e XVIII consiste em um sistema de controle social por meio da conjugação de várias técnicas de classificação, seleção, vigilância e controle.

No século XIX, observava-se o poder disciplinar presente nos asilos psiquiátricos, nas penitenciárias, na educação vigiada e seus reflexos ainda atingem a sociedade atual.

A análise do panóptico é decisiva para evidenciar um sistema que organiza princípios de disciplina e vigilância; o olhar do outro que imprime a vigilância e consolida um sistema de normas, faz surgir e mantém os corpos dóceis. “É dócil um corpo que pode ser submetido, que pode ser utilizado, que pode ser transformado e aperfeiçoado”

A descrição do panóptico (que permite a visão de todas as partes ou elementos) corresponde à seguinte estrutura:

“O princípio é, na periferia, uma construção em anel; no centro, uma torre: esta possui grandes janelas que se abrem para a parte interior de um anel. A construção periférica é dividida em celas, cada uma ocupando toda a largura da construção. Estas celas têm duas janelas: uma abrindo-se para o interior, correspondendo às janelas da torre; outra, dando para o exterior, permite que a luz atravesse a cela de um lado a outro. Basta então colocar um vigia na torre central e em cada cela trancafiar um louco, um doente, um condenado, um operário ou um estudante. Devido ao efeito da contraluz, pode-se perceber da torre, recortando-se na luminosidade, as pequenas silhuetas prisioneiras nas celas da periferia. Em suma, inverte-se o princípio da masmorra: a luz e o olhar de um vigia captam melhor que o escuro que, no fundo, protegia. A visibilidade é uma armadilha.”

Divididas por paredes e com a parte frontal exposta para observação do Diretor por uma torre central, no alto, permitiria que o Diretor pudesse ver sem ser visto e permitiria um acompanhamento minucioso da conduta do detento, aluno, militar, doente ou louco.

A questão da visibilidade no modelo panóptico, onde cada um é visto de frente e os muros laterais impedem que haja contato entre os companheiros, mostra barreiras simbólicas e às vezes, materiais, que ainda podem ser observadas em variadas instituições sociais:

“[Cada um] é visto, mas não vê; objeto de uma informação, nunca sujeito numa comunicação; (...) essas celas bem separadas, implicam uma invisibilidade lateral. E esta é a garantia da ordem. Se os detentos são condenados não há perigo de complô, de tentativa de evasão coletiva, projeto de novos crimes para o futuro, más influências recíprocas; se são doentes, não há perigo de contágio; loucos, não há risco de violências recíprocas; crianças, não há “cola”, nem barulho, nem conversa, nem dissipação. Se são operários, não há roubos, nem conluios, nada dessas distrações que atrasam o trabalho, tornam-no menos perfeito ou provocam acidentes.”

“Esses métodos que permitem o controle minucioso das operações do corpo, que realizam a sujeição constante de suas forças e lhes impõe uma relação de docilidade-utilidade, são o que podemos chamar as ‘disciplinas’”.

Os mecanismos da disciplina são exercidos a partir de uma cadeia hierárquica, vindos do poder central e se multiplicam em uma rede de poderes interligados e capilares. O poder é exercido sobre corpos; o ser humano é selecionado e classificado individualmente, não por suas singularidades, mas com o objetivo de controlá-lo. A intenção é de analisar em minúcias, em micro seções individuais; o poder é exercido sobre corpos individualizados, para melhor conhecer e controlar cada célula social.

Nesta perspectiva, a escola compreende um dos espaços onde se percebe a busca da utilização de técnicas e mecanismos disciplinares, numa versão micro, que se destinam ao estabelecimento de um espaço disciplinar que atua da seguinte maneira:

“O espaço disciplinar tende a se dividir em tantas parcelas quando corpos ou elementos há a repetir. É preciso anular os efeitos das repartições indecisas, o desaparecimento descontrolado dos indivíduos, sua circulação difusa, sua coagulação inutilizável e perigosa; tática de antideserção, de antivadiagem, de antiaglomeração. Importa estabelecer as presenças e as ausências, saber onde e como encontrar os indivíduos, instaurar as comunicações úteis, interromper as outras, poder a cada instante vigiar o comportamento de cada um, apreciá-lo, sancioná-lo, medir as qualidades ou os méritos. Procedimento, portanto, para conhecer, dominar e utilizar. A disciplina organiza um espaço analítico.”

Ainda segundo Foucault, data do século XVIII a ordenação nas classes escolares por fileiras; uma das modificações técnicas do ensino elementar: a organização de um espaço serial. Nas sociedades disciplinares, os indivíduos são distribuídos no espaço por meio das técnicas de enclausuramento; há o controle temporal e normatização de corpos e forças produtivas para obter maior eficiência.

“As disciplinas, organizando as “celas”, os “lugares” e as “fileiras” criam espaços complexos (...) marcam lugares e indicam valores; garantem a obediência dos indivíduos, mas também uma melhor economia do tempo e dos gestos. São espaços mistos: reais, pois que regem a disposição de edifícios, de salas, de móveis, mais ideais, pois projetam-se sobre essa organização caracterizações, estimativas, hierarquias. A primeira das grandes operações da disciplina é então a constituição de “quadros vivos” que transformam as multidões confusas, inúteis ou perigosas em multiplicidades organizadas.”


terça-feira, 4 de março de 2008

O centro das atenções é o ser humano

"Tive que desconstruir o que eu achava que era um colégio técnico"

Entrevista com a profa. Denise Vilardo


Por: Mariana Cruz

Portal da Educação Pública/RJ


4/3/2008

Denise Vilardo é coordenadora pedagógica do Graham Bell, um colégio de Ensino Médio Técnico do Rio de Janeiro que funciona em sistema de cooperativa de educadores e tem uma proposta pedagógica experimental, bem diferente de outras escolas, técnicas ou não. Nesta entrevista, Denise fala sobre sua concepção de educação e sua aplicação no dia-a-dia da escola que coordena.

Portal – Como surgiu, na sua vida, o interesse pela Educação?

Denise – Tenho 31 anos de magistério; comecei com 17 anos, como professora de escola pública primária, na Prefeitura do Rio. Fiz o Curso Normal e me graduei em Letras. Depois que comecei a trabalhar, vi que queria trabalhar com professores, pois pensava que tinha que atingir mais gente, e para atingir mais gente tinha que trabalhar com professores, para atingir mais alunos. Então, depois de Letras, eu fui fazer Pedagogia. Trabalhar com professores é minha paixão, e tudo começou lá. Tive oportunidade de trabalhar, na Secretaria Municipal de Educação do Rio, com capacitação de professores, organização de currículos, formação de currículos. Enfim, tive a minha vida toda dedicada à escola pública. Agora estou trabalhando no ensino particular. Estou aqui no Colégio Graham Bell há quatro anos. Vim para cá em 2004 fazer uma substituição rápida de um professor de Literatura; poucos meses depois, fui convidada para fazer a coordenação pedagógica. Foi um momento de reestruturação, que tem a ver com a história do colégio. Somos um colégio técnico nas áreas de telecomunicações, informática e eletrônica. A partir de então, começamos a fazer um trabalho para saber qual era a “cara” do colégio. Nesse ano de 2004, eu assumi a coordenação, mas continuei dando aula e tentando entender como era trabalhar com o Ensino Médio, pois durante a minha vida inteira o foco tinha sido no Ensino Fundamental. Eu já até havia feito coordenação especifica de Língua Portuguesa em outro colégio de Ensino Médio, mas nunca tinha dado aulas para o Ensino Médio. E comecei a viver o Ensino Médio Técnico, que é mais específico ainda. Você chega com uma série de idéias preconcebidas a respeito. Tive que desconstruir, internamente, uma série de coisas que eu achava que era um colégio técnico e começar a construir outras. 2004 foi um ano de observação, foi um ano de grandes descobertas. No Graham Bell há professores que não são professores de formação, são engenheiros elétricos e eletrônicos, que têm verdadeira paixão por dar aula, sem precisar dar aula, digamos assim. Dão aula por acreditarem nos alunos, e foi muito legal descobrir isso. Além disso, encontrei no colégio um grupo muito voltado para as questões humanistas, o que foi fundamental para eu dizer: “É aqui que eu quero ficar”. Sabe quando você encontra um monte de gente do bem? Então começamos a pensar em um colégio técnico que não abrisse mão das questões culturais, que não abrisse mão das questões humanísticas; temos uma preocupação muito grande com as questões éticas, com os valores. A gente não tem um sistema, uma dinâmica de empresa, tanto em relação aos professores quanto em relação aos alunos. Diferente de outros locais, nós não temos aquela idéia de que aluno “não quer nada”; a gente acha que ele quer, sim, e a gente é que tem que descobrir o que é que ele quer e como chegar lá. Há uma série de coisas que existe no dia-a-dia dos colégios tradicionais com que a gente tenta romper. O fato de eu não acreditar na forma convencional de ensino já era um incômodo desde sempre.

Portal - Em que forma de ensino você acredita?

Denise – Eu acredito naquilo que faça sentido. Acho que a gente só aprende aquilo que faz sentido para gente. Não sei se tem um nome teórico. Primeiro, uma relação verdadeira dentro da sala de aula é fundamental. E não um professor encenando um personagem de professor e achando uma porção de coisas a respeito dos alunos sem verdadeiramente conhecê-los. Aqui tem um parêntese: acho que o dia-a-dia do professor acaba levando-o a agir assim, na medida em que precisa trabalhar em três colégios, e chega no final do ano, ele não sabe o nome de todos os alunos porque dá aula para centenas deles. É complicado mesmo. Só que tem que parar e pensar como é que avança nessa profissão que escolheu sem abrir mão do que acredita. Se ele abre mão disso, pára de fazer educação, vira um instrutor, um repassador de informações. Nos dias de hoje, ser repassador de informação não é mais nada, porque informação a gente tem em qualquer lugar, de maneira muito mais interessante e eficiente do que gente falando sem parar lá na frente da turma. Se não tiver interatividade, se o professor não exigir a participação do aluno, começa a ficar desinteressante, a cabeça dele já começa a pensar em outras coisas.

Portal – O professor não pode estagnar...

Denise – Esse incômodo que eu tenho com a forma tradicional de educação vem desde lá de trás, quando comecei a dar aula, há 30 anos, e as coisas começaram a não funcionar. Eu comecei a me questionar: “Por que meus alunos não estão aprendendo, se eu planejei tão bem esta aula? Por que, dos meus trinta alunos, quinze não entendem e eu preciso explicar mil vezes e eles continuam não entendendo? Isso começou a me incomodar muito e, intuitivamente, nesse momento ainda, eu comecei a procurar maneiras diferentes de ensinar, para ver se funcionava. Às vezes funcionava, às vezes não, mas comecei a não ter medo de tentar, comecei a fugir das regras da própria escola. Era aquela professora que brincava, que achavam que não dava aula seriamente; eu sempre fui essa professora. Quando queriam me dar alguma tarefa séria para realizar, vinha sempre a dúvida: “será que ela vai dar conta?”. Sempre fui essa professora alternativa, em todo lugar por onde eu passava. Trabalhei muito tempo com criança, valorizava a brincadeira. Evidentemente fui me aproximando dos teóricos e dos pensadores que diziam mais ou menos isso: Freinet, Montessori... que falam da prática, do trabalho, de você pensar sobre o que você faz, da importância do lúdico, do jogo para a aprendizagem. Eu comecei a ver que era isso que funcionava comigo, então deveria funcionar com as outras pessoas também. Por que a escola tem que ser chata, ser enfadonha? Ela era assim no século XIX, no início do séc XX, por que tem que ser assim até hoje? O estudo está sempre aliado a uma coisa penosa, pesarosa. Os alunos não estudam, eles “decoram”. Não estão aprendendo. E o aluno fica numa posição muita passiva, só aprende, não cria. Os próprios professores estão no meio do caminho, eles têm um conhecimento construído que devem repassar, mas eles não se vêem construindo conhecimento. Você não vê o professor escrevendo, o professor produzindo, criando, a escola embota a gente. Eu acredito numa pedagogia que faça sentido, que ligue à realidade, que faça os links com a vida do aluno.

Portal – Será que o adolescente está preparado para uma educação mais livre?

Denise – Se a gente tivesse uma escola que trabalhasse o aluno, desde o Ensino Fundamental, nessa vertente mais alternativa, lógico que seria muito mais tranqüilo. Mas falando da realidade daqui do Colégio Graham Bell, a gente já pega o aluno pós-Ensino Fundamental, ele já vem de uma estrutura, de um esquema de escola assim, mais rígido. Ele chega aqui e encontra uma escola que não é assim. Aqui não vai ter ninguém tomando conta dele no corredor, não tem ninguém dizendo que ele tem que entrar em sala naquela hora, ele não tem uniforme definido – tem uniforme sugerido. Ele está deixando de ser criança e está virando adulto. Então a gente busca trabalhar com ele a questão da responsabilidade, principalmente, a responsabilidade pelo que ele faz.

Portal – Como fica essa relação com as experiências anteriores do aluno?

Denise – A gente tem que desconstruir essa situação que já vem forjada por uma educação anterior e, ao mesmo tempo, construir outra coisa no lugar. Além disso, os alunos estão cada vez mais infantilizados pela própria família. Hoje, um garoto de 16 anos parece que tem 14, 13 na atitude infantil, na inconseqüência das coisas. Há dez anos, um menino de 16 era mais amadurecido. Aí eu acho que é uma questão da estrutura familiar, que reflete a estrutura maior da sociedade. Isso tem muito a ver com a atitude muito pouco profunda a respeito das coisas, a respeito da vida mesmo, muito pueril. Os pais não sentam para discutir as coisas, não aprofundam, não têm uma conversa com filhos. Quando você vê um adolescente mais amadurecido, você vai investigar e vê que é um aluno cujos pais são mais presentes. Como isso agora é minoria – a gente não pode nem falar mais de família nos moldes de pai, mãe, avô, avó, isso não existe mais –, e não estou dizendo que essa estrutura é melhor ou pior, é uma nova estrutura, a gente que tem aprender a lidar com essa nova estrutura. Essa infantilização está muito ligada a uma superficialidade característica da época que a gente está vivendo. O adolescente não tem noção de ser, ele não tem nenhuma referência, não tem uma consciência de adequação: “estou dentro de uma sala de aula e não posso sentar todo largado” ou, como muitas vezes ocorre, as meninas vêm para a escola com uma saia minúscula, aí a gente tem que chegar e falar: “essa saia não é para vir ao colégio, aqui você pode vir de saia curta, mas não com essa”, e ela responde: “mas por quê? Não tem nada demais”. Só que não é apenas para o adolescente que não tem nada demais, para família dele também não tem nada demais; aliás, eu não sei nem se a família vê isso. A gente lida com uma série de fatores e temos que dar um norte para os alunos. E você me pergunta sobre limite; o adolescente não tem nenhum. Não estou falando do limite pelo limite, da proibição pela proibição. Digo necessidade de dar um direcionamento à vida dele. Muitas vezes, os alunos acham estranho quando a gente diz que ele não pode assistir a aula com o pé em cima da mesa, e responde: “ué, mas na minha casa eu fico assim”. Para ele, não faz nenhum sentido isso, porque ninguém nunca conversou com ele sobre isso. É uma adequação social que a gente tem que fazer aqui.

Portal – Isso é uma forma de imposição?

Denise – Eu gosto de falar de adequação. Porque tudo é possível. Eu não vou falar: “ah, na nossa sala de aula não pode falar palavrão”. Pode, se for adequado ao momento da aula, não tem por que não. Quem tem medo de palavrão? Se ele for colocado na hora certa e todo mundo compreender por que tinha que ser usado naquela hora, não tem problema algum, nem ninguém vai ficar ninguém magoado por causa disso. Como também o uso de boné em sala de aula. Tem professores que dizem que é um desrespeito; é um desrespeito com quem? Com o quê? A gente está se reportando a um momento da história em que os homens usavam chapéu e, ao entrarem em locais fechados, tiravam o chapéu. Hoje em dia ninguém usa chapéu, né? Os meninos usam boné como parte deles. Faz parte da identidade deles. E o boné, por si, não é demonstrativo de desrespeito e muito menos, que eu saiba, diminui a capacidade cognitiva dos alunos. São essas coisas que a gente tem que tentar desfazer, desfazer o senso comum. Aqui nada tem que ser de um jeito definitivo. Algumas coisas funcionam com determinados alunos, com outros não. Se você não quer que os alunos sejam mais um número na chamada, tem que conhecê-los individualmente. Eu não gosto das medidas que são gerais, pois as pessoas têm necessidades e maneiras de ser que são diferentes. Afirmar, por exemplo, que todo aluno que faltar a uma atividade tem que trazer um atestado para provar que estava doente não se aplica aqui. Dependendo do aluno, não precisa mostrar o atestado, ele está dizendo o que aconteceu e eu vou acreditar nele. Já não é o caso daquele aluno que está acostumado a mentir, é meio enrolão. Aí você vai pegar mais pesado com ele, vai pensar em outra alternativa com ele. Não tem regra para todo mundo.

Portal – Você conhece alguma escola que pratique uma pedagogia parecida com a do Graham Bell?

Denise – Acho que existem outras escolas assim, mas a gente não tem notícias. Primeiro, porque não fazem sucesso na mídia, e, segundo, porque são experiências pequenas. É mais fácil, também, fazer experimentação com os pequenos. Você vai encontrar escolas interessantes, que seguem uma linha montessoriana, uma escola que segue os princípios da Emilia Ferreiro no que diz respeito à alfabetização... mas são experiências voltadas muito mais para o público infantil do que para os adolescentes. Ninguém faz experiência com o Ensino Médio, porque está todo mundo apavorado com o vestibular. Ninguém quer bancar isso.

Portal – É como se o colégio estivesse indo na contramão?

Denise – Não tenho a menor dúvida. É mais desafiador. Ainda por cima porque só temos três anos para trabalhar. Agora, durante esse tempo que a gente está aqui, a gente já obteve respostas muito interessantes de ex-alunos que vêm nos visitar e dizem: “só agora eu entendo o que vocês falavam”. Quando começam a amadurecer mesmo, quando entram no mercado de trabalho ou na universidade é que eles vêem a importância do que viveram. Ontem mesmo veio uma aluna aqui que está fazendo Matemática na Uerj. Ainda tem isso, mesmo a gente fazendo um trabalho alternativo, a gente tem uma história de aprovação legal no vestibular. Nossos alunos têm uma história de sucesso no vestibular porque eles não estão preocupados em passar, mas estão acostumados a pensar. Então eles olham a questão e raciocinam em cima daquilo. A gente não faz um adestramento. O que a gente vê por aí são cursos que têm uma turma que prepara para a prova da Uerj, outra turma que prepara para a prova da UFRJ. Aí o cara se encaixa, se formata naquele padrão, aí a escola perde o sentido.

Portal – O que mudou desde que você começou a trabalhar no Graham Bell?

Denise – Eu acho que vem mudando. Hoje vemos uma nova concepção de estudo, mas isso esbarra na falta de tempo dos nossos professores, não só dos professores daqui da escola, como de todos os lugares. A gente precisa de tempo para estudar e está se conscientizando disso. Os professores estão interagindo mais, tentando buscar a interdisciplinaridade. Nosso primeiro passo em relação a isso foram uns “aulões”, aos sábados. Era escolhido um tema e os professores que se sentiam à vontade para falar sobre aquele tema, no viés de sua disciplina, vinham e planejavam um aulão de quatro horas para o colégio todo. Foi uma experiência muito boa, ficou com “gosto de quero mais”. A gente teve uma aulão muito interessante, na época da Copa, em 2006. O professor de Física falou sobre a trajetória da bola, sobre os ângulos etc.; o professor de Geografia e Sociologia propôs uma discussão sobre os países que participaram da Copa do Mundo e por quê. Por que existe um bloco forte europeu, um bloco americano e, agora, os times africanos estão crescendo? A partir dessa discussão, entrou a professora de História, falando sobre as Copas anteriores. Outra coisa que a gente fez e foi muito interessante foi organizar aulas em que os professores falavam sobre outros assuntos que não fossem sua disciplina. O professor de Matemática apresentou a questão do racismo, falou de violência. Foi muito interessante.

Portal – Num processo como esse, como fica a avaliação?

Denise – Pois é, esse é um ponto que a gente vê, de outra perspectiva. A semana de provas foi uma das primeiras coisas que a gente aboliu e optou por fazer uma avaliação continuada, mais livre, com o professor mais livre, podendo decidir o que ele vai poder avaliar, quando e como. Ele opta por avaliar o aluno individualmente, em duplas, em trios, de maneira mais amiúde. O aluno passa por várias avaliações e não só aquela bimestral. E também faz testes tradicionais, de múltipla escolha, pra conhecer.

Portal – Como se dá a integração dos professores com esse projeto?

Denise – Acredito que este vai ser um ano fundamental para as mudanças, porque a gente está implantando um projeto mais integrado, todos os professores pensando juntos sobre cada quinzena, se reunindo para fazer uma avaliação quinzenal. Dá mais trabalho, mas dá muito mais resultado e é prazeroso.

Portal – E a utilização de outros recursos, como a informática?

Denise – Essa é outra coisa importantíssima: a relação de professores e alunos com os computadores. Estamos insistindo muito num formato de aulas – de todas as disciplinas – nos laboratórios de informática, em que os alunos se apropriem não apenas dos aspectos de usabilidade das máquinas, mas principalmente que aprendam a pesquisar, a relacionar conteúdos, e a realizar as atividades na própria web, postando suas produções em blogs e wikis, que possibilitam o compartilhamento e a ajuda mútua.

Portal – Como melhorar a relação professor-aluno?

Denise – Em relação à disciplina, não há nada que não seja o “olho no olho”, porque a gente não tem como resolver determinadas questões. Você tem como contar com o aluno, olhar no olho dele e chegar junto, não tratá-lo como se ele fosse uma coisa. Chegar perto dele da mesma forma que você chegaria com um filho ou um primo mais novo para conversar, saber o que está acontecendo: “Olha só, por que você está fazendo isso?” Não tem receita, não adianta dizer o caminho certo. Vou contar uma situação que vivi na escola pública: uma menina ficou completamente descontrolada e chegou a machucar uma colega. Eu tirei a menina da sala e levei para uma outra sala, vazia; e eu dizia para ela ficar calma. Ela custou a dar uma apaziguada. Aí peguei na mão dela, comecei a conversar, perguntar por que ela estava daquele jeito; depois de muito acalmá-la, ela caiu em prantos, não conseguia parar de chorar, e eu conversando com ela. Ela era uma menina bastante agressiva. Quando ela conseguiu parar de chorar, olhou para mim e falou assim: “ninguém nunca fez isso comigo”, e eu perguntei: “E o que eu estou fazendo?” Ela respondeu: “Me perguntando por que eu estou fazendo isso”. A partir daí ela desarmou completamente. Tem uma coisa que a gente não pode perder de vista: a gente está lidando com seres humanos, a gente está tocando seres humanos o tempo todo. A gente não sabe em que medida está interferindo na vida do outro, mas a gente está interferindo, então a gente tem que cuidar para não interferir negativamente. Às vezes, você diz uma coisa que arrasa uma pessoa pelo resto da vida, por uma palavra que você usou. Isso eu acho que é fundamental, saber o papel que o professor tem na formação das pessoas; por mais que você acredite que não está fazendo nada demais, está sempre fazendo alguma coisa.

Portal – Como o professor deve lidar com sua profissão?

Denise – A gente deve se perguntar diariamente “por que sou professor?”; “por que eu estou nessa profissão?”; “eu estaria mais feliz fazendo outra coisa?”. Ser professor não é um sacerdócio, não é nada disso. É uma profissão, mas é uma profissão que tem muitos requisitos. Você tem que gostar do ser humano, tem que se envolver. A gente tem que se reencantar com a educação a cada dia. A escola não deve ser um lugar de competição, onde eu esteja preocupado em perder meu espaço. A escola dos sonhos é aquela que prepara para o agora e segue numa perspectiva de nos tornarmos seres humanos melhores.

Fonte: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/jornal/materia.asp?seq=373

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

O AVESSO

Em seu livro: Estórias de quem gosta de ensinar, Rubem Alves disse:

"Umberto Eco sugeriu que se criasse uma Faculdade de Irrelevâncias Alternativas. Acho que os professores universitários não o levaram a sério, pensaram que se tratava de uma piada, pois estão por demais enrolados em suas "irrelevâncias oficiais" para acreditar que algo possa existir fora delas. Lichtenberg fez proposta semelhante há dois séculos. Disse ele: "Num momento em que só se pensa em construir universidades para espalhar o novo saber, eu sonho com o dia em que se construirão universidades para ensinar a antiga ignorância".

Junto-me aos dois com a sugestão de que se crie uma Faculdade do Avesso. Se há Faculdades de Direito, que estudam as leis que regem a sociedade normal, é lógico e necessário que haja Faculdades do Avesso, dedicadas a estudar aquilo que se veria se o tapete estivesse virado ao contrário. Como nos ensina o Tao Te Ching, é preciso que haja o Avesso para que o Direito possa existir. Já pensaram num tapete sem avesso? Até Deus tem o seu avesso, que é o Diabo.

Acontece que esses olhos que temos na cara, muito bem explicados naqueles quadros que os oftalmologistas penduram em salas de espera, só conseguem ver o lado direito das coisas. Por isso dizia o Alberto Caeiro que não basta ter olhos para ver as coisas. Os zen budistas falavam na necessidade de que um terceiro olho fosse aberto, e a isso davam o nome de satori. O poeta Cummings diz a mesma coisa, e falava na abertura do olho que mora dentro dos olhos.

Gente que vê o avesso é o Paulo, dono da Floríssima, floricultura linda, que visito sempre sem precisar comprar, por puro prazer. Gosto de ver as bonsais. Bonsais, você deve saber, são aquelas miniaturas de árvores japonesas. Eu as acho lindas. Penso com enorme ternura no homem que planta a arvorezinha, sabendo que ela só vai atingir a sua plenitude quando ele estiver morto. E é uma alegria poder ter uma árvore dentro da sala, quando se mora num lugarzinho minúsculo. Eu tinha uma bonsai maravilhosa, de 20 anos, que um amigo me deu. O jardineiro, não sabendo das delicadezas da velha arvorezinha, afofou a terra e pôs adubo estranho nela. Ela levou um susto tão grande que faleceu de enfarte fulminante. Sofri e resolvi que não a jogaria fora. Jogar fora seria o Direito da situação. Optei pelo Avesso. Tirei a terra do vaso, enchi de cimento, cobri com minúsculas pedrinhas, e envernizei o tronco morto. E lá está a bonsai, tranformada em escultura.

Mas eu tinha um grilo com elas: os métodos usados para produzi-las se pareciam demais com os métodos que usamos para educar as crianças; a poda das raízes, pois a árvore não pode crescer; a poda dos galhos para que a árvore fique do jeito que queremos e não do jeito que ela quer; e o entortamento do tronco, por meio de arames: é de pequenino que se entorta o pepino...

Mas foi vendo as bonsais do Paulo da Floríssima que aprendi que as bonsais também podem ser vistas pelo avesso. "Esta aqui", e ele me apontava para uma bonsai de figueira, a planta colocada sobre uma pedra, as raízes à mostra deslizando em busca da terra, "eu achei quase invisível, espremida, crescendo numa fresta de árvore. Esta outra" - e me apontava para uma schefleria - "encontrei misturada com tijolos e telhas numa caçamba de entulho. Aquela outra, coqueirinho, estava esperando a morte, toda queimada por excesso de torta de mamona, na casa de um amigo. E a strelizia foi separada de um lote de mudas para ser jogada fora, por ser muito raquítica..."

Lá estão elas - lindas, tiradas do refugo e transformadas em beleza, pela arte dos olhos e das mãos de quem vê o Avesso.

Lembrei-me então do Gramanni, de quem tenho a felicidade de ser amigo. Dizem que ele é músico. Protesto e discordo: o Gramanni não é músico: ele é música. Tudo aquilo que ele toca vira melodia, e o prazer dele é tocar rabeca. O dicionário diz que rabeca é o nome antigo para o violino. Mas hoje rabeca é nome de um violino rústico, feito por artesão da roça, apresentando-se freqüentemente nu, sem as roupas do verniz. Violino é coisa fina, que combina com sobrecasaca e gravata borboleta. Rabeca, ao contrário, combina com botina e bolo de fubá. A rabeca é a prima caipira do cosmopolita violino. Pois o Gramanni gosta é das rabecas sem pedigree e sem nome. Mas basta que ele as pegue para que elas comecem a produzir beleza. Já o vi mesmo tocando numa rabeca que os que só vêem pelo direito jamais imaginariam que fosse capaz de fazer música. (...)

Mas do Avesso, tudo fica diferente, e a gente aprende do Paulo e do Gramanni que o Avesso é o lugar onde a beleza mora, escondia. (...) ".

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Conteúdos de Ensino

Gostaria de poder ensinar umas coisas que dizem que não se ensinam... O jeito de moleque de alguns professores que se recusam a adultizar tudo e sorriem gostoso ( alegrando o ambiente), a responsabilidade de outros que tão dedicados revêem seus conceitos, a paciência de alguns que ouvem esperando que do discurso brote a conclusão que eles antevêem ( com seus anos de experiência), a empolgação com que chegam alguns enchendo de entusiasmo e acordando sonhos adormecidos, a erudição de outros que embasam o que pareciam tão abstrato, a praticidade com que alguns transformam ideais em uma proposta de aula ( materializando caminhos...), a criatividade com que outros buscam ligações entre idéias com a arte de esquecer o que ensinarama a eles na escola ( que as idéias devem ser guardadas em caixinhas), a coragem com que outros buscam novas formas de ver suas crenças, a confiança que muitos depositam no grupo abrindo mão de seus pré-conceitos e gerando novos, a liberdade de ser e estar em qualquer posição sem que te julguem ausente ( deitado, em pé, pulando ou se torcendo), a boa vontade com que se chega a dedicar horas inexistentes a um projeto sem garantias...

Eu observo todas essas virtudes em nosso grupo e muitas outras mais...Se tudo o que observamos passa por um filtro interno ( das minhas próprias crenças, de meus próprios conceitos), eu só posso ver essas virtudes nos outros porque, de alguma forma, eu as tenho em mim. Se não as tivesse, como poderia reconhecê-las? Mas é engraçado porque eu não me considero particularmente paciente ou corajosa....Será que tenho mesmo isso dentro de mim?

Acredito que sim. Todos nós temos. Todas essas virtudes em potencial. Ver com os outros as expressam e um convite a desenvolvê-las cada dia mais. Apoiar-se no exemplo dos outros é ter um modelo em que nos basearmos para sermos cada dia mais humanos. Ser mais humanos é tornar cada dia mais possível ensinar aquilo que, diz-se, não se ensina.

Estou muito agradecida a todos os meus colegas pela oportunidade de ser parte desse grupo e dessa construção. Muito além de aprender Biologia, nossos alunos aprendem Gabi. Muito além de aprender Geografia, aprendem PH e assim seguimos... Dando exemplos de pessoas que não pararam no tempo, que se constroem a cada dia e que deixam modelos incríveis.

Quanto mais nos conhecemos, mas sinto que tenho muito a aprender com vocês.

Obrigada

domingo, 27 de janeiro de 2008

CONVERSA ENTRE AMIGOS (2)

"Aí que eu lia um pouco do Gadotti e traduzia um pouco do Dario. E um começou a conversar com o outro, bem ali, na tela do meu computador. O Gadotti dizia: “Aluno sujeito de sua formação... blábláblá.... construir e reconstruir....blábláblá” e o Dario dizia que a Bondade, a Sabedoria e a Força estão dentro de nós e não são NOSSAS como, digamos, um MP3 pode ser NOSSO, mas são energias que andam por aí, pelo universo, subterrâneas e que os seres humanos, como construtores de sua própria realidade, podem trazer para o plano material, para esse mundo em que vivemos."

Gente, destaquei este trecho do texto da Sabine Conversa entre amigos, para convidá-los a uma reflexão: diante do exposto acima, o que são os "conteúdos de ensino" com os quais trabalhamos no dia-a-dia?

No aguardo,

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Conceitos fundamentais – Educação Física
1 – Conceito de valores comuns
Fazer com que o aluno perceba que o Esporte nada mais é que uma reprodução (de forma lúdica e prazerosa para alguns) de situações do cotidiano. Ou seja, no esporte o indivíduo tem que trabalhar com companheiros de características diferentes das nossas, no dia-a-dia em nossa empresa, nossa casa ou no nosso condomínio também encontraremos um cara diferente de nós mas que também tem a sua importância.
No esporte irá sempre existir um adversário querendo nos vencer, no nosso dia-a-dia, também encontraremos pessoas buscando o nosso “ponto fraco” afim de nos derrotar.
No esporte iremos encontrar erros dos “juízes”, no nosso dia-a-dia também encontraremos erros de “terceiros” que tem mais “poder” que a gente e nem por isso precisamos “tirar a cueca pela cabeça” e se desesperar ou tão pouco agredir outra pessoa.
No esporte existirá a pressão da torcida, no nosso dia-a-dia existirá a pressão do chefe!!!

2 – Regras dos Esportes
Apresentar regras e gestos motores de alguns esportes.

3 – Desenvolvimento de conceitos
Permitir que o aluno conheça a importância da Pratica de Exercícios Físicos (eu não disse ATIVIDADE física) e como ele se relaciona com saúde.

Conceitos fundamentais - Informática

Conceitos fundamentais - Informática

1 – História da informática

Como qualquer profissão é escencial saber como tudo surgiu, como foi a evolução dos computadores no decorrer do tempo desde o ábaco até Eeepc passando pelo ENIAC, UNIVAC, 8086, Apple II e por aí vai.

Primeira e segunda aula dar a matéria linearmente na terceira aula mostrar o filme “piratas do vale do silício”

2 – Diferença entre linguagem de programação, sistemas operacionais e programa

Saber conceituar estes tres pilares é a base para que ele possa densenvolver um programa e não pensar que está desenvolvento um sistema operacional ou uma outra linguagem de programação. Não cairmos na tão repetida frase “peguei o Windows e bati um texto nele” na realidade ele bateu o texto num editor de texto que é um programa não um sistema operacional que é o Windows.

Fazer com que o aluno monte o programa “alo mundo” em uma linguagem primária, dali mandar executar no Sistema Operacional.

3 – Desenvolvimento de projetos

Ao final de toda trajetória o aluno tem de saber desenvolver um projeto, passando pela fase de captação de dados, arvore estrutural, desenvolvimento, teste e conclusão.

Ensinar a utilizar a ferramenta open project que já o direciona para estas fazes, definir uma meta final de um projeto que realmente será aplicado ou no colégio ou fora mesmo.

Conceitos

Como vc conceitua?

Metrô: Meio de transporte para fugir dos engarrafamentos
Cor-de-rosa: A cor predileta da minha irmã
Neve: Papel higiênico macio
Hidroavião: Avião que pousa na água
Carneiro: Animal de pêlo macio
Saudade: Sentimento inexplicável
Inferno: "São os outros"
Cofre: Muito utilizado para guardar objetos de grande valor
Milagre: Questão de fé
Pavão: Homem que gosta de "aparecer"
Estrada: Caminho de ida e volta
Cobra: Animal peçonhento
Mar: Imensidão azul
Inteligência: Qualidade imprescindível em um ser humano
Fome: É o que eu sinto quando fico muito tempo sem comer
Cordialidade: Gentileza
Tornozelo: Fica acima do pé
Borboleta: Bicho colorido que voa
Barata: Muito nojento, prefiro não comentar.
Joelho: Parte do corpo que que se junta com a perna
Deserto:Lugar sem água
Túnel: Do tempo...
Cemitério: Lugar de paz, tranquilidade
Alegia: Poder viajar sem data para voltar

Conceitos Literatura e Língua Inglesa ( JJ e Sabine)

4 conceitos fundamentais:

Linguagem - é uma representação do mundo através da qual o homem interage com outro homem.

Cosmovisão ( mundividência) - é o modo pelo qual o homem percebe e interpreta a realidade interna e externa.

Tempo - é o momento em que ocorrem todas as relações humanas de acordo com a intenção de cada indivíduo ( ex. descobrimentos, atos bélicos, semanas culturais, momentos históricos, etc.)

Espaço - é o contexto objetivo, morfológico e de interação em que ocorrem todas as relações humanas de acordo com a intenção de cada indivíduo ( ex. condições de desenvolvimento urbano, rural, condições sanitárias, culturais, infra-estrutura, disponibilidade de locais, etc.)

Como chegamos a esse conceitos:
- Observamos o que era importante em cada disciplina.
- Observamos o que efetivamente tínhamos como objetivo na prática de cada um de nós.
- Generalizamos para criar conceitos que contemplassem as duas disciplinas.

CONCEITUANDO

Pensando em conceitos
Como você conceitua?

Metrô: Meio de Transporte rápido, subterrâneo um formato que evita o engavetamento e sempre lotado

Cor-de-rosa: Cor suave muito usada por meninas, eleita como cor estritamente feminina, estilo Barbie

Neve: Suave e muito gelada e leve

Hidroavião: Avião que pousa e decola sobre a água

Carneiro: Bichinho que parece de pelúcia, macio , origem da lan

Saudade: Sentimento doido de falta de alguém, não tem tradução

Inferno: Ameaça de uma vida pior, suposta-mente carregada de culpas, arrependimentos e muito quente,não sei se acredito nele

Cofre: Lugar onde se guarda coisas de valor material

Milagre: Algo que todos nós deveríamos ter direito a vários, é a mudança de uma realidade física que não poderia ser mudada, é algo tipo ajuda espiritual

Pavão: Animal com penas em formato de leque, com um colorido lindo , totalmente cheguei

Estrada: Início, começo direção

Cobra: Simboliza Pessoa má, traiçoeira, Animal rastejante, com veneno em sua mordida

Mar: Mundão de aguá salgada, um convite a reflexão, mistério

Inteligência: É aprender sem limites, Descoberta , ferramenta que temos fundamental a vida, é cada um de Nós

Fome: Falta de alimento de vida, de energia, de conhecimento, caminho contrario a vida

Cordialidade: Com afeto, carinho e atenção ao próximo

Tornozelo: Parte da perna com grande circulação de sangue e que o mosquito adora, local com alta concentração de cãibras

Borboleta: Liberdade, transformação , Coisinha linda

Barata: Bicho nojento

Joelho: Articulação que funciona com amortecimento e nos da flecibilidade

Deserto: Solidão, calor, vazio, nada

Túnel: Caminho escuro e longo, esperança

Cemitério: Pit stop, Lugar de parada, fim do corpo físico

Alegria: Superação, sentimento de plenitude , compreençao do hoje, fé , vida plena

Conceitos

Metrô: Meio de transporte em cidades urbanas
Cor-de-rosa: Pigmentação cromática
Neve: Água em estado congelado
Hidroavião: Transporte aéreo que possibilita "planar" na água
Carneiro: animal mamífero
Saudade: sensação estimulada pelo cérebro
Inferno: Conceito que varia de acordo com a identidade social do sujeito
Cofre: Espaço geralmente utilizado para guardar a propriedade privada
Milagre: Conceito que varia de acordo com a identidade social do sujeito
Pavão: Animal
Estrada: Conceito utilizado e em várias áreas do conhecimento. Como por exemplo na Arquitetura e Engenharia Civil, é considerada área de circulação. Em informática pode ser a entrada de informação.
Cobra: Animal
Mar: Água salgada
Inteligência: sensação estimulada pelo cérebro de acordo com características próprias do sujeito em determinadas situações (oportunidades sociais)
Fome: necessidade orgânica
Cordialidade: Conceito que varia de acordo com a identidade social do sujeitoTornozelo: termo utilizado como parte do corpo humano
Borboleta: inseto
Barata: inseto
Joelho: termo utilizado como parte do corpo humano
Deserto: espaço geográfico com características climáticas e vegetais próprias
Túnel: intervenção urbana para vias de transporte
Cemitério: Conceito que varia de acordo com a identidade social do sujeito
Alegria: sensação estimulada pelo cérebro.

Caminho e caminhos...

8 - "A maioria afirma que a profissão docente deve mudar - sobretudo em função da complexidade da nova sociedade - mas não se diz como, nem porque e para onde devemos mudar."

A sociedade mudou, as tecnologia avançaram, as possibilidades continuam se multiplicando a cada momento, no entanto uma coisa se mantém inerte e igual, a escola. Reproduzimos hoje a escola inventada pelo iluminismo, padronizada no estudo das ciências que questionaram a Igreja e seus dogmas.

Naquele momento, a escola refletia as necessidades da sociedade: questionar as verdades religiosas e criar padrões científicos. Refletiam as aspirações de mudança daquele instante, ou momento histórico. A nossa escola não busca resolver as questões do nosso momento. Hoje as aspirações são outras, a sociedade é outra, e a escola é a mesma – a escola se mantém a mesma. Exatamente aquela escola que muitas gerações vem questionando, sobretudo por seu caráter repetitivo, sem graça e porque não dizer: chata.

Sinto, de forma, ao mesmo tempo natural e agoniante, a necessidade da mudança! Mas, continuo, refletindo e tentando entender, para que lado andar. Termino sem grandes respostas, não pretendo aqui finalizar o tema. Lembro, mais uma vez, de uma passagem, um dos mais fantásticos diálogos na minha opinião, entre Alice e o famoso Coelho apressado!

Alice se vê perdida e confusa, diante de uma encruzilhada, com mil caminhos a seguir. Assim, pede a opinião do Coelho, e esse lhe responde que tudo depende... depende de onde se pretende chegar!

Acredito que o meu momento é de um questionamento interno: Onde pretendo chegar? Onde pretendemos chegar, juntos?

conceitos da Gabi...

Metrô: pontualidade, garantia do tempo de viagem e vergonha, aquela corrida da população para entrar no vagão e o comportamento dos mesmos.
Cor-de-rosa: infância, mundo ideal.
Neve: frio, brincadeira, diversão.
Hidroavião: isso existe mesmo,né? a maior viagem...
Carneiro: bichinho fofinho.
Saudade: distância, bons momentos, minha irmã.
Inferno: calor, barulho, desordem.
Cofre: local para guardar coisas de valor.
Milagre: acontece sempre, para os que tem fé e para o que estão precisando ter.
Pavão:A prova de que um rabo bom faz a diferença. um dos animais mais bem sucedidos com as fêmeas, graças a seu rabo...
Estrada: viagem! caminho!
Cobra: que envenena...
Mar: imensidão, eternidade.
Inteligência: desenvolve-se
Fome: a desgraça da humanidade, há fome de cultura, lazer, alegria, mas a pior delas a de comida.
Cordialidade: formalidade
Tornozelo: sinônimo de bola para quem não sabe jogar futebol...
Borboleta: transformação.
Barata: resistência
Joelho: delícia engordativa e barata que com refresco ou guaraná natural faz a alegria da galera!
Deserto: falta.
Túnel: passagem escura.
Cemitério: fim da linha.
Alegria: inocência
Como você conceitua?
Metrô: Um meio de transporte, que apesar de feio, é maior adianto
Cor-de-rosa: Uma cor
Neve: Gelo
Hidroavião: Avião que desce na água
Carneiro: Um bicho
Saudade: Falta
Inferno: Coisa ruim
Cofre: Um buraco onde gente rica guarda coisa que tem valor
Milagre: A força Divina
Pavão: Outro bicho
Estrada: Uma rua grande
Cobra: mais um bicho
Mar: Um mistério
Inteligência: A Capacidade de pensar, ser criativo e competente
Fome: Uma tristeza, nunca mais minha mãe sentirá isso de novo
Cordialidade: Educação
Tornozelo: Articulação que une tíbia e fíbula aos Tarsos. Primeiro local de ação propiceptiva dos corpo em posição antomica.
Borboleta: Outro bicho que não faz mal a ninguém
Barata: Mais um bicho que causa pavor em algumas mulheres
Joelho: Articulução do tipo ginglimo, formada por ligamentos cruzazos, anterior e posterior que executa movimentos de flexão e extensão de perna e uma leve rotação interna.
Deserto: Lugar quente a bessa e que tem camelos
Túnel: Um buraco no meio de uma pedra, que é muito mais prático que uma serra.
Como você conceitua?

Metrô: É um trem subterrâneo que também pode andar na superfície. É um trem chique. "Todo metrô é um trem, mas nem todo trem é um metrô".

Cor-de-rosa: É um vermelho meio branco ou um branco meio vermelho.

Neve: É uma espécie de chuva divertida que só cai em lugares de baixa temperatura.

Hidroavião: É um barco não conversível, mas que pode voar.

Carneiro: Uma espécie de bode. Bode chique.

Saudade: Boa lembrança do passado. Vontade de voltar no tempo.

Inferno: Casa do Diabo.

Cofre: Local onde se guarda pertences importantes, para o seu dono, e só ele sabe como abri-lo.

Milagre: Fato importante que acontece, onde e quando ninguém esperava que acontecesse. Ou uma coisa que a gente sabe que aconteceu mas ninguém viu.

Pavão: Ave com um leque no rabo.

Estrada: Rua que liga lugares mais distantes.

Cobra: É um réptil sem pernas e nem braços.

Mar: É um oceano menor

Inteligência: Todo mundo tem e quanto mais se usa maior ela fica.

Fome: Vontade de comer.

Cordialidade: Gentileza

Tornozelo: É a junta que une o pé e a canela.

Borboleta: É um lagarto cansado de hibernar e agora só que curtir o tempo perdido.

Barata: Um inseto nojento.

Joelho: É o que a mulher tem na frente e a galinha tem atrás.

Deserto: É uma praia imensa, mas sem água.

Túnel: Invenção de preguiçoso. É um buraco que se constrói para atravessar as montanhas sem
ter que escalá-las.

Cemitério: Local onde só se dorme uma vez.

Alegria: Felicidade que aparece de repente.

Conceituando...

Como você conceitua?
Metrô: meio de transporte inventado por tatus
Cor-de-rosa: impessoalidade da moda
Neve: ponto certo de se bater as claras para um delicioso suspiro
Hidroavião: avião com crise de identidade
Carneiro: vendedor de carne (rsrsrs)
Saudade: vontade de voltar atrás e rever alguém ou fazer alguma coisa que não rolou
Inferno: spa de pessoas cheeeeeias de boas intenções
Cofre: é pra falar mesmo? (rsrsrsrs)
Milagre: força do pensamento em ação
Pavão: ave festiva, sempre pronta pro carnaval
Estrada: caminho construído
Cobra: aquele capaz de engolir sapos
Mar: mundão de água salgada
Inteligência: igual cu. Cada um tem a sua. Difícil é descobrir a forma ideal de usá-la
Fome: necessidade não satisfeita
Cordialidade: maneira falsa de tratar bem os outros
Tornozelo: parte esquecida do corpo, por isso, teima em doer de vez em quando...
Borboleta: flor viajante
Barata: pesadelo
Joelho: dobradiça da perna
Deserto: vida sem emoção
Túnel: único buraco útil que encotramos no meio da estrada
Cemitério: lixão de seres humanos. Legal é ser reciclado!!!
Alegria: desejo satisfeito

RE Como você conceitua?

Como você conceitua?



Metrô: Meio de transporte eficiente que nos livra do trânsito carioca

Cor-de-rosa: Cor muito usada pelas seguidoras da Barbie, normalmente associada a uma coisa meiga e sem muito conteúdo mas que agrada a massa.

Neve: Agua congelada em pequenos cristais que formam uma camada aveludada na superfície

Hidroavião: Cruzamento entre o barco e o avião, muito utilizado em locais de grandes volumes de agua.

Carneiro: É o homem da ovelha, normalmente chifrudo e peludo. Só existe um alfa no grupo o resto fica chupando o dedo.

Saudade: Sentimento que nos faz ir em frente, nos motiva a ser algo melhor. Pois se sentimos saudades de algo ou de alguém é sinal de que isto nos transformou de algum modo.

Inferno: Como dizia o poeta que o Diabo é Deus de férias então o inferno é o sitio de praia dele.

Cofre: Local onde guardamos nossas coisas que temos medo de usar.

Milagre: Fenomeno que ainda não foi explicado pela ciência

Pavão: Grande referência de Drag Queens mas como elas tem pés trotos

Estrada: Algo que caminhamos por toda nossa vida na esperança que nos leve a um lugar melhor.

Cobra: Pivô entre uma disputa de Deus e Adão, mas graças a ela temos estradas pra trilhar.

Mar: o sangue da terra, a grande mãe criadora.

Inteligência: Algo a se conquistar não ganhar.

Fome: Um mal que deve ser esterminado do planeta.

Cordialidade: A chave da fechadura de muitas portas.

Tornozelo: Ponto fraco de Aquiles, devemos tomar cont de nossos.

Borboleta: Um ser que nos ensina muito, vive apenas 24 horas mas o faz com toda intensidade.

Barata: Lixeiro da natureza, muitas vezes mal compreendido.

Joelho: Salgado muito gostoso feito de pão queijo e presunto.

Deserto: Vasto campo inesplorável cheio de possibilidades ilimitadas.

Túnel: Um obstáculo transpassado pelo homem.

Cemitério: A morada de um novo ciclo de vida.

Alegria: Consequencia de uma vida plena.

Conceitos - Sabine

Como Sabine conceitua?
Metrô: Meio de transporte que se move em trilhos energizados através de túneis subterrâneos e espaços abertos semelhantes ao do trem, divido em cabines retangulares com bancos seguindo as normas do transporte público e, na maioria dos países, operado por empresas particulares.

Cor-de-rosa: Cor formada da mistura entre diferentes proporçoes de branco e vermelho, podendo ser composta por pigmentos de outras cores que formam suas variações ( do mais claro ao mais escuro). Limites não fixos : algumas pessoas consideram bordô um tipo de rosa por exemplo. Depende do vocabulário ao qual a pessoa foi exposta.

Neve: Precipitação em forma de flocos de água condensada a um ponto em que fica mais densa do que a chuva, admitindo variações da cor branco.

Hidroavião: Avião que, além de alçar vôo, flutua e se movimenta na água.

Carneiro: Animal de quatro patas, cuja energia corporal provem de vegetais, não resistindo bem a carnes quando as consome. Seu corpo é coberto de uma espécie de fio que origina a lã.

Saudade: Sentir falta de alguém ou de alguma coisa, ainda que essa pessoa ou coisa nunca tenha propriamente nos pertencido.

Inferno: Lugar na religião católica onde ficam as pessoas que não seguiram os preceitos cristãos após a morte, sofrendo pelo que fizeram em vida. Lugar em que na astrologia, de acordo com a posição dos planetas e a data de nascimento das pessoas, alguém estaria propenso a vivenciar um período de má sorte. Toda concepção de estado emotivo ruim do qual não se vê saída apropriada.

Cofre: Lugar onde se guarda com certa segurança um bem que nos seja valioso, usando chaves, senhas, códigos, travas, cadeados. No diminutivo, refere-se a parte superior da bunda que aparece quando alguém se agacha ou senta e a calça desce.

Milagre: Algo que desafia as crenças anteriormente estabelecidas por alguém e que se manifesta de maneira física, externa e/ou objetiva.

Pavão: Ave com duas patas e uma cauda cheia de penas multicoloridas, ou pessoa que sente a necessidade de expor seu ego.

Estrada: Caminho para carros ou pessoas construído a partir da necessidade de ligar dois pontos espaciais ( duas cidades, bairros, municípios, estados), etc.

Cobra: Animal rastejante que pode ser ou não venenoso e costuma fazer tocaias de suas vítimas. Pessoa que age com o objetivo de difamar outros ou gerar intrigas.

Mar: Água em grande quantidade que não é cercada de terra por todos os lados ( abre-se em praias e termina em oceano.

Inteligência: Atributo de quem consegue implementar, a partir das ferramentas que possui, seus objetivos e/ou resolver problemas. Essas ferramentas podem ser emotivas, motrizes, intelectuais ou...

Fome: Necessidade de consumir algo.

Cordialidade: Característica de quem se aproxima de outros com abertura de comunicação, um bom clima emotivo e boa vontade.

Tornozelo: Não sei ( sempre confundo tornozelo com calcanhar)

Borboleta: Inseto que voa cujas asas assumem diferentes padrões de cores, normalmente considerados belos.

Barata: Inseto em tons de marrom, que vive em ambientes considerados sujos pela maioria das pessoas, pode voar, gosta de umidade e normalmente é considerado nojento ou apavorantes

Joelho: Articulação de liga as duas partes da perna. Salgado de forno com presunto e queijo enrolado em massa de pão.

Deserto: Lugar onde por algum motivo só tem areia e faz muito calor de dia e muito frio de noite. E venta. Lugar onde não há pessoas e/ou lugar onde há menos pessoas do que se espera. Tipo: "A festa tava mó deserto"

Túnel: Passagem subterrânea ou por dentro de montanhas que corta caminho e facilita a movimentação. Normalmente associado a forma semi-cilindrica.

Cemitério: Lugar onde enterramos pessoas mortas, caso não queiramos incinera-las. Parece que tem gente que acredita que deve ser sagrado ou a pessoa sentirá desconforto depois de morta e não descansará em paz.

Alegria: O que sentimos unica e exclusivamente quando não estamos buscando.

Meus conceitos

Como você conceitua?
Metrô: Meio de transporte rápido, caro e tumultuado.
Cor-de-rosa: Vermelho clareado pelo branco.
Neve: Substância geláda, homogênea e divertida.
Hidroavião: Integrador.
Carneiro: Bicho com pelo macio e que ajuda as pessoas a dormir.
Saudade: Sentimento que nos faz refletir sobre o que poderíamos ter feito ou dito.
Inferno: Filho do medo com a mentira.
Cofre: Lugar seguro, e no meu caso, sempre vazio.
Milagre: Vida.
Pavão: Cor, beleza e, em alguns casos, exagero.
Estrada: Direção à seguir, conjunto de passos na mesma direção.
Cobra: Profundo conhecedor(a) de um contexto.
Mar: Imensidão, mistério, alma.
Inteligência: Ferramenta.
Fome: Alavanca.
Cordialidade: Obrigação para com o próximo.
Tornozelo: Bota de gesso.
Borboleta: Leveza, Liberdade, Beleza e transformação.
Barata: Insignificância; Ser que se esgueira pelas sombras e lugares fétidos.
Joelho: Flexibilidade.
Deserto: Solidão.
Túnel: Passagem pelo interior de algo.
Cemitério: Paz, neutralidade.
Alegria: Morfina.

TODO PONTO DE VISTA É A VISTA DE UM PONTO

TODO PONTO DE VISTA É A VISTA DE UM PONTO

Ler significa reler e compreender, interpretar. Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam.

Todo ponto de vista é a vista de um ponto. Para entender como alguém lê, é necessário saber como são seus olhos e qual é a sua visão de mundo. Isso faz da leitura sempre uma releitura.

A cabeça pensa a partir de onde os pés pisam. Para compreender, é essencial conhecer o lugar social de quem olha. Vale dizer, como alguém vive, com quem convive, que experiências tem, em que trabalha, que desejos alimenta, como assume os dramas da vida e da morte e que esperanças o animam. Isso faz da compreensão sempre uma interpretação.

Sendo assim, fica evidente que cada leitor é co-autor. Porque cada um lê e relê com os olhos que tem. Porque compreende e interpreta a partir do mundo que habita. Cada um lerá e relerá conforme forem os seus olhos.

Compreenderá e interpretará conforme for o chão que seus pés pisam.

Os antigos bem diziam: habent as fata libelli, os livros têm seu próprio destino. Tinham razão, porque o destino dos livros está ligado ao destino dos leitores.

Convidamos você a fazer-se, junto com as forças diretivas do universo, co-criador do mundo criado e por criar.

Leonardo Boff

A Águia e a Galinha – Uma metáfora da condição humana

Editora Vozes

Pensando em conceitos

Como você conceitua?

Metrô:

Cor-de-rosa:

Neve:

Hidroavião:

Carneiro:

Saudade:

Inferno:

Cofre:

Milagre:

Pavão:

Estrada:

Cobra:

Mar:

Inteligência:

Fome:

Cordialidade:

Tornozelo:

Borboleta:

Barata:

Joelho:

Deserto:

Túnel:

Cemitério:

Alegria:

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

ARTE DE SER FELIZ

Houve um tempo em que a minha janela se abria para um chalé. Na ponta do chalé brilhava um grande ôvo de louça azul. Nesse ôvo cotumava pousar um pombo branco. Ora, nos dias límpidos, quando o céu ficava da mesma côr do ôvo de louça, o pombo parecia pousado no ar. Eu era criança, achava essa ilusão maravilhosa, e sentia-me completamente feliz. Houve um tempo em que a minha janela dava para um canal. No canal oscilava um barco. Um barco carregado de flôres. Para onde iam as flôres? quem as comprava? em que jarra, em que sala, diante de quem brilhariam, na sua breve existência? E que mãos as tinham criado? E que pessoas iam sorrir de alegria ao recebê-las? Eu não era mais criança, porém minha alma ficava completamente feliz. Houve um tempo em que minha janela se abria para um terreiro, onde uma vasta mangueira alargava sua copa redonda. À sombra da árvore, numa esteira, passava quase todo o dia sentada uma mulher, cercada de crianças. E contava histórias. Eu não a podia ouvir, da altura da janela; e mesmo que a ouvisse, não a entenderia, porque isso foi muito longe, num idioma difícil. Mas as crianças tinham tal expressão no rosto, e às vêzes faziam com as mãos arabescos tão compreensíveis, que eu participava do auditório, imaginava os assuntos e suas peripécias e me sentia completamente feliz.
Houve um tempo em que minha janela se abria sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.Perto da janela havia um jardim quase seco.
Era numa época de estiagem, da terra esfarelada,e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre homem com um balde,e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sôbre as plantas. Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor. Outras vezes encontro nuvens espêssas. Avisto crianças que vão para a escola. Pardais que pulam o muro. Gatos que abrem e fechamos olhos, sonhando com pardais. Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho no ar. Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega. Às vezes, um galo canta. Às vezes, um avião passa. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. Eu me sinto completamente feliz.
Mas quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.
Cecilia Meireles

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Será um vazio ou trata-se de ocupar um espaço que jamais foi ocupado?

1 - "Talvez esteja aí a chave para entender a crise que vivemos: perdemos o sentido
do que fazemos, lutamos por salário e melhores condições de trabalho sem esclarecer a
sociedade sobre a finalidade de nossa profissão, sem justificar porque estamos lutando."


É bem comum encontrar pessoas que reclamam da vida, do mundo, da família, parece que tudo está contra, que o mundo gira sempre no sentido contrário dela ou de seus amigos e familiares, enfim tudo nela está errado. O tempo passa e algumas coisas se resolvem e logo ela elege outras reclamações outros motivos que possam justificar o tal fracasso. Esse mal que é individual, também surge muitas vezes em níveis sociais, então as reclamações são grandes e conjuntas, mas também quando superadas logo aparecem outras ou quando não encontram superação são esquecidas e substituídas por novas.

Há quem acredite em um vazio de sentido no mundo, e que logicamente este vazio atinge também os professores. Será um vazio ou trata-se de ocupar um espaço que jamais foi ocupado?

Como vamos dar sentido ? Lembrando que o sentido é algo que deve levar em conta a situação contemporânea e isto exige estudo e dedicação. Se avaliamos que a crise é dos educadores/professores ou do ensino ou do sistema educacional, então tudo já vai começar errado.

A crise é social e pessoal, está em toda parte do planeta e atinge todas as profissões, talvez por sermos nós os “educadores” ficamos numa berlinda onde tudo é mais visível. É fundamental perceber o mundo em que vivemos, projetar que mundo queremos e deixar sem medo que o novo possa brotar daqueles que ensinamos e ensinaremos, sem espaço pra conservadorismo. Portanto, antes de pensarmos que educação queremos, temos que pensar que mundo queremos. E quais são as formas de luta, de revolução que são adequadas no momento atual.

O fato dos professores apontarem problemas nos dias de hoje, não significa que tudo estava bem no passado, apenas estamos vivendo um momento histórico em que as transformações cobram uma saída, seja pela aceleração da tecnologia ou pelo questionamento do “tal sucesso neoliberal”, o fato é que começamos a perceber em conjunto que nada funciona na tal sociedade atual, e sem um sentido, uma alternativa, parece que toda a sociedade vive no automático.

Aos educadores, cabe a tarefa de ajudar a interpretar o mundo atual, e mais do que isto, dar condições, dar alicerce através do ensino para toda a mudança que chega sem pedir licença, através da tecnologia e da indignação acumulada por anos de uma educação marcada pela repressão e conservadorismo.

POR QUE ENSINAR?

3 - "O professor é muito mais um mediador do conhecimento, diante do aluno que é o sujeito da sua própria formação. O aluno precisa construir e reconstruir conhecimento a partir do que faz. Para isso o professor também precisa ser curioso, buscar sentido para o que faz e apontar novos sentidos para o que fazer dos seus alunos.Ele deixará de ser um “lecionador” para ser um organizador do conhecimento e da aprendizagem."

21 - "Há muitos professores e professoras que se sentem infelizes na escola e principalmente na sala de aula. Falta interesse, falta disciplina, faltam objetivos claros, enfim, falta sentido para o que ensinam. O aluno também não vê sentido no que está aprendendo na escola. E vem a pergunta desalentadora: “Para que estou estudando isso, professora?” -“Para que estudar?”.

Esses trechos, nos fazem perceber que devemos , buscar sentido, entender nossas motivações.
Se não somos curiosos, se não buscamos e encontramos novos e verdadeiros sentidos , nossos alunos também não vão fazê-lo.
Ninguém aprende porque é dito que tem que aprender.
Ninguém precisa de alguém desmotivado, que não acredita no que ensina, se assim for, será melhor estudar a distância, que é um recurso que hoje podemos contar.

Só sairemos desta condição de insatisfação, quando encararmos, enfrentarmos o medo do novo, nos lançar ao utópico, que é o nosso sonho, e ir com tudo, transformar em ação nossos pensamentos e sentimentos, mas devemos ter também bem claro uma certeza, a de que para conseguirmos devemos estar unidos, juntos


Adorei!!!

Pensar sobre educação, da forma que é apresentada aqui no texto "Boniteza de um Sonho", de Moacir Gadotti “
Bom de mais, revigorante estimulante é tudo de bom!

Por que estudar?

"A educação não é só ciência, mas é também arte. O ato de educar é complexo. O êxito do ensino não depende tanto do conhecimento do professor, mas da sua capacidade de criar espaços de aprendizagem, vale dizer, “fazer aprender” e de seu projeto de vida de continuar aprendendo."

"Só é possível conhecer quando se deseja, quando se quer, quando nos envolvemos profundamente com o que aprendemos. No aprendizado, gostar é mais importante do que criar hábitos de estudo."

"O professor precisa saber que é difícil para o aluno perceber a relação entre o que ele está aprendendo e o legado da humanidade. O aluno que não perceber essa relação não verá sentido naquilo que está aprendendo e não aprenderá, resistirá à aprendizagem, será indiferente ao que o professor estiver ensinando. Ele só aprende quando quer aprender e só quer aprender quando vê na aprendizagem algum sentido. Ele não aprende porque é “burrinho”. Ao contrário, às vezes, a maior prova de inteligência encontra-se na recusa em aprender."

Os textos selecionados acima, foram os que considerei mas interessantes para colocar em discussão. Isso porque me interesso em entender o perfil psicológico de meus alunos. Percebi ao longo de minha curta carreira que ser professor é ser um pouco psicólogo, talvez isso explique meu fascínio pelas aulas de psicologia da educação na faculdade. Lendo o livro de Rubem Alves sobre a escola da Ponte; “A escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir” percebi como o olhar do psicólogo é crucial.
O processo de aprendizagem do aluno, que procura a sua luz própria, é único. Sendo, por isso, uma experiência psíquica intensa. E cabe ao professor conceder um ambiente propicio, para esse momento de “insight” único e individual de cada aluno. A função do professor ao longo dos tempos e das “escolas” foi se transformando e se perdendo. No principio a instituição “escola” não existia, os filhos dos nobres e membros da realeza não tinham que arrumar merendas e vestir uniformes para ir aprender. Pelo contrário os professores “mentores” acompanhavam seus pupilos em casa, nas bibliotecas, pelos campos. E esses iam aprendendo no dia a dia a partir que a vida colocava os problemas em suas frentes, sem avaliações, sem reprovações. A aprendizagem era espontânea, divertida, desejada, e é só assim que ela ocorre.
A escola de hoje acabou com o processo natural e individual que é a aprendizagem. E o professor acompanhou essa desconstrução, pois teve que massificar o conhecimento. A escola se tornou um ambiente desagradável e chato, onde o aluno teve que se tornar obrigado a comparecer (menos de 75% de presença causa reprovação por falta). E a conseqüência disso é a violência o desrespeito e a “burrice”, alias esse ultimo termo é o que menos gosto. Ninguém é burro, o professor é que não conseguiu despertar o desejo de aprendizagem e avaliou erroneamente o aluno. Com respeito a isso coloco para a reflexão a estória a seguir, entre um aluno, um professor e sua avaliação:

Há algum tempo recebi um convite de um colega para servir de árbitro na revisão de uma prova. Tratava-se de avaliar uma questão de Física, que recebera nota 'zero'. O aluno contestava tal conceito, alegando que merecia nota máxima pela resposta, a não ser que houvesse uma 'conspiração do sistema' contra ele. Professor e aluno concordaram em submeter o problema a um juiz imparcial, e eu fui o escolhido. Chegando à sala de meu colega, li a questão da prova, que dizia: 'Mostrar como pode-se determinar a altura de um edifício bem alto com o auxilio de um barômetro.' A resposta do estudante foi a seguinte:
'Leve o barômetro ao alto do edifício e amarre uma corda nele; baixe o barômetro até a calçada e em seguida levante, medindo o comprimento da corda; este comprimento será igual à altura do edifício.' Sem dúvida era uma resposta interessante, e de alguma forma correta, pois satisfazia o enunciado. Por instantes vacilei quanto ao veredito. Recompondo-me rapidamente, disse ao estudante que ele tinha forte razão para ter nota máxima, já que havia respondido a questão completa e corretamente. Entretanto, se ele tirasse nota máxima, estaria caracterizada uma aprovação em um curso de Física, mas a resposta não confirmava isso. Sugeri então que fizesse uma outra tentativa para responder a questão. Não me surpreendi quando meu colega concordou, mas sim quando o estudante resolveu encarar aquilo que eu imaginei lhe seria um bom desafio. Segundo o acordo, ele teria seis minutos para responder a questão, isto após ter sido prevenido de que sua resposta deveria mostrar, necessariamente, algum conhecimento de Física.
Passados cinco minutos ele não havia escrito nada, apenas olhava pensativamente para o forro da sala. Perguntei-lhe então se desejava desistir, pois eu tinha um compromisso logo em seguida, e não tinha tempo a perder.Mais surpreso ainda fiquei quando o estudante anunciou que não havia desistido. Na realidade tinha muitas respostas, e estava justamente escolhendo a melhor. Desculpei-me pela interrupção e solicitei que continuasse.
No momento seguinte ele escreveu esta resposta:
'Vá ao alto do edifico, incline-se numa ponta do telhado e solte o barômetro, medindo o tempo t de queda desde a largada até o toque com o solo. Depois, empregando a fórmulah = (1/2)gt2; calcule a altura do edifício.'
Perguntei então ao meu colega se ele estava satisfeito com a nova resposta, e se concordava com a minha disposição em conferir praticamente a nota máxima à prova. Concordou, embora sentisse nele uma expressão de descontentamento, talvez inconformismo.
Ao sair da sala lembrei-me que o estudante havia dito ter outras respostas para o problema. Embora já sem tempo, não resisti à curiosidade e perguntei-lhe quais eram essas respostas.
"Ah!, sim," - disse ele - "há muitas maneiras de se achar a altura de um edifício com a ajuda de um barômetro."
Perante a minha curiosidade e a já perplexidade de meu colega, o estudante desfilou as seguintes explicações.
"Por exemplo, num belo dia de sol pode-se medir a altura do barômetro e o comprimento de sua sombra projetada no solo. bem como a do edifício. Depois, usando uma simples regra de três, determina-se a altura do edifício."
"Um outro método básico de medida, aliás bastante simples e direto, é subir as escadas do edifício fazendo marcas na parede, espaçadas da altura do barômetro. Contando o número de marcas ter-se a altura do edifício em unidades barométricas."
"Um método mais complexo seria amarrar o barômetro na ponta de uma corda e balançá-lo como um pêndulo, o que permite a determinação da aceleração da gravidade (g). Repetindo a operação ao nível da rua e no topo do edifício, tem-se dois g's, e a altura do edifício pode, a princípio, ser calculada com base nessa diferença."
"Finalmente", concluiu, "se não for cobrada uma solução física para o problema, existem outras respostas. Por exemplo, pode-se ir até o edifício e bater à porta do síndico. Quando ele aparecer; diz-se:
'Caro Sr. síndico, trago aqui um ótimo barômetro; se o Sr. me disser a altura deste edifício, eu lhe darei o barômetro de presente.'"
A esta altura, perguntei ao estudante se ele não sabia qual era a resposta 'esperada' para o problema. Ele admitiu que sabia, mas estava tão farto com as tentativas dos professores de controlar o seu raciocínio e cobrar respostas prontas com base em informações mecanicamente arroladas, que ele resolveu contestar aquilo que considerava, principalmente, uma farsa.

ENSINAR COM E PARA A ALEGRIA

Escolhi falar deste tema porque há muito uma idéia vem me rondando a cabeça: Por que a alegria não encontra espaço na escola? Por que em muitas escolas de Educação Infantil – não por acaso também chamada de educação pré-escolar- professores e alunos são alegres, lidam com os saberes e sabores da vida com uma natural simplicidade, abertos ao inusitado, ao irreverente, ao prazer sem perder o foco da missão de ensinar e de aprender e esta alegria não consegue espaço nos muitos anos de escolaridade que se seguem?

Alunos e professores, quando presos ao espaço escolar, com toda a carga formal que lhe é imposta, perdem, gradativamente, esta alegria. E isto não é por acaso... A Escola vira o espaço da seriedade e a Classe de Alfabetização (hoje chamada de 1º ano de escolaridade) é o grande rito de passagem. Quem sobreviver a ele, minimamente, terá condições de seguir a diante, porque aprendeu a primeira lição: seriedade e alegria não combinam com escola, não combinam com o processo de transmissão de conhecimento.

Hoje, ouvindo os colegas de trabalho comentarem sobre suas infâncias e sobre como se alfabetizaram e percebendo a diferença etária existente entre eles é que constato o fato de que se muitos seguiram pela vida conservando a curiosidade da infância, a alegria da descoberta e o gosto pela leitura, isso não teve qualquer ligação com o processo de escolaridade que viveram, salvo algumas exceções. A grande maioria foi incentivada a realmente ler a vida em outros espaços, com outras pessoas que por não estarem presos ao rótulo de professor puderam ser educadores. Graças a Deus que estes subversivos existem na vida da maioria de nós... Graças a Deus, com estes, pudemos aprender que alegria combina mesmo é com saber, do qual a transmissão de conhecimento é apenas uma etapa. A escola bane a alegria de seu interior porque tantos sábios juntos incomodariam...

Mas aí, após esta constatação, vem o momento da tomada de decisão, momento político de real importância: Que escola queremos? Que professor desejamos ser? Podemos resgatar em nós e em nossos alunos a alegria do desvendamento de nós mesmos e do mundo? Queremos embarcar nessa aventura ou continuaremos fazendo da escola este espaço hermético, asséptico, enfadonho ? Queremos brindar com nossos alunos a vida que pulsa e trabalhar esta energia em todas as suas linguagens abrindo as portas para o que será ou rotineiramente, cumpriremos um ritual macabro de saudação eterna ao que já foi?