domingo, 24 de junho de 2007

Uma escola "diferente".

Olá amigos professores,
para inaugurar minha participação no nosso blog colocarei em debate o que nós pensamos sobre educação. Será que estamos fazendo o certo? O que é certo? Existirá um fazer correto? Pois bem também estou a procura destas respostas! Dêem uma olhada neste site de uma escolinha do interior de Portugual. Sei que vivemos em uma realidade diferente, mas será que uma forma de percepção não é possível para nós? Bom gostaria de discutir isso com vocês amigos... talvez possamos pensar uma escola mais agradável para nossos alunos.

http://www.eb1-ponte-n1.rcts.pt/html2/portug/bemvindo.htm

Nota: Não estou sugerindo que copiemos um modelo, mas sim repensarmos o nosso!
Um abraço!

quinta-feira, 14 de junho de 2007

O que é que a gente tem a ver com isso?

Média do Enem deste ano é a pior desde 2002


Os quase três milhões de estudantes que fizeram a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) este ano tiveram, na parte objetiva, média de 36,90, a pior desde 2002 e 10 pontos inferior a 2003. Em nenhum dos Estados a média de acertos passou de 40%. Em redação, o resultado, como é recorrente, foi melhor que na prova objetiva, mas também caiu em relação a 2005 e só é maior que em 2004, quando a média foi, pela primeira vez, inferior a 50 pontos.

O Ministério da Educação afirma que não é possível comparar um ano do Enem com o anterior, já que a prova é voluntária e a amostra termina por ser diferente. Mas, com três milhões de pessoas candidatos a uma vaga no ensino superior, é possível se dizer que esses estudantes sabem menos do que deveriam depois de terminar a escola básica.

Mais significativo, os alunos chamados de egressos - que terminaram o ensino médio há mais tempo - tiveram resultados melhores do que estudantes concluintes, que ainda têm frescas na cabeça as matérias ensinadas na escola. "Pode ser que esses egressos já tenham feito algum curso, entrado na faculdade", diz Reynaldo Fernandes, presidente do Instituto Nacional de Estatísticas e Pesquisas em Educação (Inep).

"O que acontece é que se perdeu o foco na educação básica e na aprendizagem dos alunos", diz o deputado Paulo Renato Souza (PSDB), ex-ministro da Educação. "O conjunto de resultados mostra uma deterioração, um retrocesso no ensino que é preocupante".
_________________________________________________________________________

Onde estão os nós?


É um quadro lastimável que os resultados das avaliações nacionais nos apresentam.

E isso reflete, sim, lá na frente, na falta de preparo do trabalhador, mas antes disso, esse quadro reflete o descompromisso da sociedade não apenas com a Educação, mas com ela própria.

Se quisermos entender um pouco desse processo, não podemos descontextualizar a Educação de todo o resto.

Quando pergunto onde é que está o nó, seguido de por que é que os professores pararam de ensinar, é porque tenho localizado esse "fenômeno" nos anos 80 pra cá.

Justamente quando os processos de desenvolvimento se aceleraram e as desigualdades foram ficando mais marcadas e marcantes.

A universalização da escola pública - trazendo pra dentro dela, obrigatoriamente, todas as crianças de 7 a 14 anos - começou nos anos 70, se consolidou nos 80, e encontrou professores completamente despreparados para lidar com essa realidade. As turmas de crianças limpinhas, bem alimentadas e com família estável, foram dando lugar a turmas de crianças sem referência familiar, sem alimentação adequada e sem noções básicas de "integração na estrutura social". Notem que em nenhum momento estou falando de crianças menos inteligentes ou com pouca capacidade de aprendizagem.

Mas, como disse antes, esse quadro não pode ser visto de maneira desvinculada do contexto sócio-econômico que também se apresentava nesse momento. Acabávamos de descobrir que o milagre econômico não existia, emburacávamos numa das maiores crises já vividas, traduzidas em desemprego em massa; além das famílias, também da classe média, começarem a desmoronar em todos os aspectos. Casamentos desfeitos passam a ser a tônica. A crise ética na política também começa a ficar mais evidente. Há correntes de estudiosos que afirmam, inclusive, que foi um período de pouca criatividade artística e cultural. O acesso às drogas também começa a se "naturalizar". E a corrida tecnológica avança enlouquecidamente. Não há lideranças e muito menos preocupação em formar novos líderes.

Viramos um país à procura de identidade.

E a escola? Completamente à parte disso tudo, continua a agir com o mesmo modelo do fim do século XIX e início do XX. Não sabe como se inteirar/integrar nessa realidade e ignora o contexto. E, parece, continua ignorando...

Junte-se a isso tudo, o descaso com a infra-estrutura educacional, o surgimento de inúmeros modismos pedagógicos importados e as relações de poder completamente corrompidas dentro e fora das instituições escolares.

Nesse momento, o professor, sem formação adequada (muitos, leigos, por esse Brasil afora), sem atualização profissional, sem salário digno, sem apoio pedagógico, sem, sem, sem... vai se tornando um profissional que não sabe mais de si mesmo, perdendo também a sua identidade, sem saber pra onde ir.

E pára de ensinar! Não porque quer, mas porque não sabe mais como, nem pra quê! Ele próprio passa a acreditar que não vale a pena investir "em quem não quer nada..." ou "que esse menino não vai ser nada na vida mesmo..."

Nossos professores desistiram dos nossos alunos, porque não aprenderam a lidar com a diversidade. Ainda são "preparados" para dar aulas para alunos ideais, interessados e obedientes, criados a danoninho, sustagem e leite ninho...

A escola vira um depósito de crianças e jovens, um onde ninguém mais quer estar. É ruim pra todo mundo.

E a escola insiste nas práticas tradicionais, desconhecendo todo o processo de mudança que vem ocorrendo continuamente e, quando percebe que precisa mudar, não sabe pra que lado ir, porque não está acostumada a pensar, só a cumprir ordens e medidas autoritárias, e portanto tem medo de ousar. E, pior que tudo, não tem um projeto de sociedade para tentar alcançar. Não tem metas, não tem utopia.

Quanto às questões disciplinares, situações de violência vivenciadas nas escolas, aprovação/reprovação, podemos continuar afirmando que não podem ser vistas de maneira descontextualizada. A escola não é um oásis no meio do deserto (embora até seja para alguns alunos), ela é produto do que acontece do lado de fora. A diferença é que ela não pode/deve reproduzir as atitudes do exterior, mas deve ter a preocupação de formar cidadãos para modificá-lo. E isso não está feito, não tem receita pronta. É construir no próprio caminhar.

Estamos diante de uma grande oportunidade de virar esse jogo, através do Projeto OLPC, que tem tudo para criar ânimo novo nos educadores, dando fôlego a quem precisa e apontando para uma escola que ensine e para professores e alunos que se percebam construtores de conhecimento.