sábado, 18 de maio de 2013

Imediatismo, consumismo e educação


 

 

Imediatismo, consumismo e educação

 

Realmente, o imediatismo e o consumismo comandam comandam pensamentos e atitudes. O produto que é de última geração, hoje, será de penúltima amanhã.

O imediatismo está na moda, nos bens materiais e até nas relações afetivas. Quebrou? Compra-se outro! A relação não vai bem? Nem pensar em conversar! Faz-se a fila andar. Quase ninguém investe de verdade em algo ou alguém. A preservação, o carinho, a troca, o bem-estar ficam esquecidos. O ter torna-se, cada vez mais, o valor prioritário, em detrimento do ser.

Jovens ocos serão adultos ocos, insensíveis; mas também tremendamente frustrados. Tudo é rápido e passageiro.Nada é construído para durar.

A falta de valores positivos leva a um vazio existencial que o consumismo tenta, mas não consegue preencher. O resultado? Jovens desorientados, vagando, pulando de galho em galho, em busca de recompensa material, sucesso, status; mas carregando um grande nada por dentro: a frustração.

A questão é complexa. O corre-corre pela sobrevivência permite cada vez menos espaço-tempo entre pais e filhos. Isto para não falarmos em outras tantas situações sociais.

À escola, desde já há algum tempo, vêm sendo atribuídas funções que não se limitam ao ato de passar conteúdos. Os alunos chegam a nossas mãos cada vez mais novos. Novos, ocos de valores (quando não cheios de valores invertidos), sem leituras, com o "dar-se bem" como lema e os "Eikes" da vida como ídolos.

O assunto merece desmembramentos; mas, para ficar no questionamento feito pela Denise, vou procurar ater-me à questão da educação.

Minha porção "Pollyana" insiste em acreditar que a educação é a única saída para os males do mundo. Somente nós, mantendo-nos antenados, atualizados, entrando no mundo dos alunos, temos a chave da resolução do problema. Para isso, acredito estarmos no caminho certo: apadrinhamento, busca pela proximidade com as famílias, atividades sociais que reúnem toda a comunidade GBell - talvez essas atividades devam ser intensificadas, tornadas mais frequentes. Acredito que esse "vazio" que deixa os jovens sem horizonte precisa ser preenchido principalmente com leveza, afeto, elevação da autoestima, respeito; enfim, os valores positivos. A transformação tem que vir de dentro - deles e de nós.

Quando sugeri o nome Dia do Compromisso, pensava exatamente nisso: o compromisso de toda a comunidade GBell. Um compromisso com o sucesso, com o crescimento enquanto pessoa e profissional.

Creio que nós, enquanto seres humanos, também precisamos correr pela sobrevivência, pela capacitação profissional - aproveito para fazer uma "mea culpa". É um círculo vicioso: corremos todos em buscas pessoais. Claro está que isso rende bagagem para aumentar a qualidade da nossa prática didática. Mas, às vezes, por conta de tantas atividades, nos igualamos aos alunos: falta um pouco mais de paciência, de atenção, de pontualidade, de assiduidade, de organização, de planejamento e, principalmente, de determinar um objetivo, estabelecer prioridades, Como já disse Bem, o tio do Peter Parker (Homem Aranha), ao morrer, "Todo grande poder traz uma grande responsabilidade". Sejamos poderosos e responsáveis! Afinal, para o bem ou para o mal, somos referência para nossos alunos. Muitas vezes, a única que alguns terão.

A segunda base do tripé que sustenta as ações educativas é o não descarte da aprendizagem: para que aprender isso? Este aspecto passa diretamente pela relevância (peneira mesmo) dos conteúdos apresentados.

Devemos ter em mente que o Ensino Médio faz parte da Educação Básica que, como o próprio nome diz, tem por objetivo fornecer ao aluno uma base em cada disciplina. Ninguém espera sair especialista em nada no Ensino Médio: isto é para após o bacharelado. Na conclusão do Ensino Médio, espera-se que o aluno tenha se apropriado de um conteúdo mínimo que lhe permita aprofundar-se na área que escolher, e senso crítico. Quando muito, alguns alunos têm a sorte de formarem-se técnicos - e eles precisam valorizar esse nível: afinal, o Brasil importa mão de obra qualificada, porque não dispõe dela aqui.

É preciso objetivar os conteúdos, priorizar os que têm aplicação prática e relacioná-los com o cotidiano.

Sugestão "Onde está...(a Matemática, a Física, a Língua Inglesa...)": cada grupo de professores por disciplina produz um cartaz, bem ilustrado e com informações mínimas e diretas, indicando onde encontramos a aplicação prática do conteúdo dessa disciplina, para o que ela serve, onde está presente. Aqui, precisamos usar de toda a sedução possível, principalmente quanto àquelas disciplinas menos consideradas pelos alunos: Literatura, Música, Artes, Teatro, Educação Física... Os cartazes serão explicados e discutidos com as turmas e expostos no corredor de entrada e/ou postados no facebook das turmas. Além, é claro, de linkar os assuntos com a realidade vivida. A atividade nos dará a oportunidade de repensarmos nossas disciplinas e defendê-las. Será bom para nosso educador interior . E será divertido inverter os papéis: nós faremos cartazes para apresentar aos alunos e não o contrário, como é regra acontecer.

O terceiro ponto é, na verdade, uma junção dos dois primeiros. Neurolinguistas e profissionais afins defendem que a profusão, diversidade e rapidez com que as informações chegam impossibilitam a fixação dessas mesmas informações.

Um adendo: a pedagogia Waldorf privilegia a saúde. Dentro desse pensamento, poderíamos organizar debates, palestras, mesas-redondas, utilizando a "prata da casa" e especialistas convidados. Que tal uma "Semana da saúde" ? Convidaríamos nutricionista, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, endocrinologista, cardiologista... Afinal, como os alunos podem reter as informações recebidas se, além da velocidade delas, eles viram a noite, tomam anabolizantes, alimentam-se mal (não se nutrem), fumam, bebem (muito e sempre)? Muitos atrasos e faltas decorrem desses problemas.

Como já disse antes, não acredito na dispensa da aprendizagem e no desdém do conhecimento. Acredito, sim, em modelos enganosos, no mito do sucesso e do lucro fáceis, no país da corrupção e da impunidade. Dá menos trabalho seguir o caminho torto - é nisso que a maioria dos jovens acredita. E é por isso que enfatizo tanto o primeiro ponto.

Na verdade, esse tripé atua conjuntamente: seduzir os alunos pela proximidade, afeto, interesse; selecionar objetivos e conteúdos (O que é realmente necessário que o aluno saiba?) e o despertar do senso crítico. O importante é formar alunos autônomos: aprender a aprender.

Bem, agora chega! Sempre me programo para escrever pouco, mas termino por me empolgar. Também, um assunto complexo e fascinante não se esgota facilmente.

Até a próxima! Beijos a todos.

                        Vânia

 

"Viver com a certeza de ser um eterno aprendiz."

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Aprofundando algumas questões

Caros,

Trago algumas questões que estão sempre presentes nas nossas rodas de conversa. Apresento-as aqui, na intenção de irmos amadurecendo um pouco as ideias, para a nossa próxima reunião.

Qual o papel da educação num mundo em que não há mais visão clara de futuro?
Que função devem desempenhar os educadores quando os jovens se defrontam com profundas incertezas quanto à sua sorte e às expectativas de uma vida estável?
Atualmente, na era da modernidade líquida, já não são as universidades que formam os profissionais bem-sucedidos. Os valores do mundo de consumo exigem que as pessoas esqueçam hoje o que aprenderam ontem e aprendam hoje o que devem esquecer amanhã. Sendo assim, qual a tarefa da educação nesse universo que dispensa a aprendizagem e desdenha o acúmulo de conhecimentos?

Vamos lá?