Imediatismo, consumismo e educação
Realmente,
o imediatismo e o consumismo comandam comandam pensamentos e atitudes. O
produto que é de última geração, hoje, será de penúltima amanhã.
O
imediatismo está na moda, nos bens materiais e até nas relações afetivas.
Quebrou? Compra-se outro! A relação não vai bem? Nem pensar em conversar!
Faz-se a fila andar. Quase ninguém investe de verdade em algo ou alguém.
A preservação, o carinho, a troca, o bem-estar ficam esquecidos. O ter torna-se,
cada vez mais, o valor prioritário, em detrimento do ser.
Jovens
ocos serão adultos ocos, insensíveis; mas também tremendamente
frustrados. Tudo é rápido e passageiro.Nada é construído para durar.
A
falta de valores positivos leva a um vazio existencial que o consumismo tenta,
mas não consegue preencher. O resultado? Jovens desorientados, vagando, pulando
de galho em galho, em busca de recompensa material, sucesso, status; mas
carregando um grande nada por dentro: a frustração.
A
questão é complexa. O corre-corre pela sobrevivência permite cada vez menos
espaço-tempo entre pais e filhos. Isto para não falarmos em outras tantas
situações sociais.
À
escola, desde já há algum tempo, vêm sendo atribuídas funções que não se
limitam ao ato de passar conteúdos. Os alunos chegam a nossas mãos cada vez
mais novos. Novos, ocos de valores (quando não cheios de valores invertidos),
sem leituras, com o "dar-se bem" como lema e os "Eikes" da
vida como ídolos.
O
assunto merece desmembramentos; mas, para ficar no questionamento feito pela
Denise, vou procurar ater-me à questão da educação.
Minha
porção "Pollyana" insiste em acreditar que a educação é a única saída
para os males do mundo. Somente nós, mantendo-nos antenados, atualizados,
entrando no mundo dos alunos, temos a chave da resolução do problema. Para
isso, acredito estarmos no caminho certo: apadrinhamento, busca pela
proximidade com as famílias, atividades sociais que reúnem toda a comunidade
GBell - talvez essas atividades devam ser intensificadas, tornadas mais
frequentes. Acredito que esse "vazio" que deixa os jovens sem
horizonte precisa ser preenchido principalmente com leveza, afeto, elevação da
autoestima, respeito; enfim, os valores positivos. A transformação tem que vir
de dentro - deles e de nós.
Quando
sugeri o nome Dia do Compromisso, pensava exatamente nisso: o
compromisso de toda a comunidade GBell. Um compromisso com o sucesso, com o
crescimento enquanto pessoa e profissional.
Creio
que nós, enquanto seres humanos, também precisamos correr pela sobrevivência,
pela capacitação profissional - aproveito para fazer uma "mea culpa".
É um círculo vicioso: corremos todos em buscas pessoais. Claro está que isso
rende bagagem para aumentar a qualidade da nossa prática didática. Mas, às
vezes, por conta de tantas atividades, nos igualamos aos alunos: falta um pouco
mais de paciência, de atenção, de pontualidade, de assiduidade, de organização,
de planejamento e, principalmente, de determinar um objetivo, estabelecer
prioridades, Como já disse Bem, o tio do Peter Parker (Homem Aranha), ao
morrer, "Todo grande poder traz uma grande responsabilidade". Sejamos
poderosos e responsáveis! Afinal, para o bem ou para o mal, somos referência
para nossos alunos. Muitas vezes, a única que alguns terão.
A
segunda base do tripé que sustenta as ações educativas é o não descarte da
aprendizagem: para que aprender isso? Este aspecto passa diretamente pela
relevância (peneira mesmo) dos conteúdos apresentados.
Devemos
ter em mente que o Ensino Médio faz parte da Educação Básica que, como o próprio
nome diz, tem por objetivo fornecer ao aluno uma base em cada
disciplina. Ninguém espera sair especialista em nada no Ensino Médio: isto é
para após o bacharelado. Na conclusão do Ensino Médio, espera-se que o aluno
tenha se apropriado de um conteúdo mínimo que lhe permita aprofundar-se na área
que escolher, e senso crítico. Quando muito, alguns alunos têm a sorte de
formarem-se técnicos - e eles precisam valorizar esse nível: afinal, o Brasil
importa mão de obra qualificada, porque não dispõe dela aqui.
É
preciso objetivar os conteúdos, priorizar os que têm aplicação prática e
relacioná-los com o cotidiano.
Sugestão "Onde está...(a
Matemática, a Física, a Língua Inglesa...)": cada grupo de professores por
disciplina produz um cartaz, bem ilustrado e com informações mínimas e diretas,
indicando onde encontramos a aplicação prática do conteúdo dessa disciplina,
para o que ela serve, onde está presente. Aqui, precisamos usar de toda a
sedução possível, principalmente quanto àquelas disciplinas menos consideradas
pelos alunos: Literatura, Música, Artes, Teatro, Educação Física... Os cartazes
serão explicados e discutidos com as turmas e expostos no corredor de entrada
e/ou postados no facebook das turmas. Além, é claro, de linkar os
assuntos com a realidade vivida. A atividade nos dará a oportunidade de
repensarmos nossas disciplinas e defendê-las. Será bom para nosso educador
interior . E será divertido inverter os papéis: nós faremos cartazes para
apresentar aos alunos e não o contrário, como é regra acontecer.
O
terceiro ponto é, na verdade, uma junção dos dois primeiros. Neurolinguistas e
profissionais afins defendem que a profusão, diversidade e rapidez com que as
informações chegam impossibilitam a fixação dessas mesmas informações.
Um
adendo: a pedagogia Waldorf privilegia a saúde. Dentro desse pensamento,
poderíamos organizar debates, palestras, mesas-redondas, utilizando a
"prata da casa" e especialistas convidados. Que tal uma "Semana
da saúde" ? Convidaríamos nutricionista, fisioterapeuta, fonoaudiólogo,
endocrinologista, cardiologista... Afinal, como os alunos podem reter as
informações recebidas se, além da velocidade delas, eles viram a noite, tomam
anabolizantes, alimentam-se mal (não se nutrem), fumam, bebem (muito e sempre)?
Muitos atrasos e faltas decorrem desses problemas.
Como
já disse antes, não acredito na dispensa da aprendizagem e no desdém do
conhecimento. Acredito, sim, em modelos enganosos, no mito do sucesso e do
lucro fáceis, no país da corrupção e da impunidade. Dá menos trabalho seguir o
caminho torto - é nisso que a maioria dos jovens acredita. E é por isso
que enfatizo tanto o primeiro ponto.
Na
verdade, esse tripé atua conjuntamente: seduzir os alunos pela proximidade,
afeto, interesse; selecionar objetivos e conteúdos (O que é realmente
necessário que o aluno saiba?) e o despertar do senso crítico. O importante é
formar alunos autônomos: aprender a aprender.
Bem,
agora chega! Sempre me programo para escrever pouco, mas termino por me
empolgar. Também, um assunto complexo e fascinante não se esgota facilmente.
Até a
próxima! Beijos a todos.
Vânia
"Viver
com a certeza de ser um eterno aprendiz."
Um comentário:
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