Em tempos em que a fonte do conhecimento passou a ser a internet e não mais o professor, Gil Giardeli traz uma reflexão sobre as mídias sociais e o futuro da educação no País. Veja mais!
O pensador Mark Prensky disse: “A fonte do conhecimento não é mais o professor, mas a internet. A educação mais útil para o futuro não está acontecendo na escola. Está acontecendo depois da escola, especialmente em clubes de robótica e na internet como um todo – está acontecendo nos games.”
Dito isso, vivemos o fim de salas de aulas com espaços geográficos definidos e aulas cronometradas? Como a escola supera o tempo e o espaço, em um mundo imediatista? Como prepararemos as pessoas, para um mundo onde as profissões mudam radicalmente a cada cinco anos? O formato atual da escola ajuda a escolher o futuro de promissores alunos?
Não é a hora de cidadãos globais e conectados encontrarem a educação progressista? “As escolas deveriam ser lugares para se aprender, e não para se ensinar. Em vez de isolar os estudantes, as escolas deveriam encorajá-los a colaborar”, escreveu Don Tapscott no livro “A hora da geração digital”
O educador Jeffery Bannister alfinetou sobre os modelos de educação seculares: “Professores que leem anotações manuscritas e escrevem em quadros negros, assim como alunos que anotam o que eles dizem. Esse é um modelo pré-Gutenberg.”
Eric Mazur da Universidade de Harvard afirma: “Educação é muito mais do que mera transferência de informação. A informação precisa ser assimilada. Os alunos têm de conectar a informação ao que já sabem, desenvolver modelos mentais, aprender a aplicar o novo conhecimento e adaptá-lo a situações novas e desconhecidas.”
Recentemente fui convidado para palestrar para 300 educadores do Grupo “Salesianas” um grupo que reúne dezenas de escolas no Brasil. Administrado por irmãs católicas, que acreditam na educação como grande motor para o futuro.
A educadora Irmã Raquel, abriu o evento e fez um rico paralelo com o livro “Modernidade Liquida” de Zygmunt Bauman, proclamando ”Vivemos um tempo que exige repensarmos velhos conceitos. Dar novas formas ou enterrá-los.” Irmã Raquel, convocou suas amáveis educadoras para dar autonomia, ou seja, independência moral e intelectual para os alunos. Para ensinar que alunos devem desde cedo entender o ato de governar a si mesmo, por meio da autonomia do pensar.
“Professores devem ajudar o outro (aluno) a ser autônomo e Genial.. O professor deve ensinar o que significa coletivo e comunidade – em um mundo onde a individualização reina. Ensinar que a tolerância é tolerar o intolerável – em um mundo onde pessoas morrem pela sua opção sexual, religiosa ou politica. (Irã, Afeganistão e Cuba). Ensinar valores inegociáveis neste mundo, como ética, amor ao próximo, gosto pelo inovar e o pioneirismo.” Esta foi a fala da educadora.
Após ricas discussões, sai de lá com vários questionamentos. Acabou a fase, da aula cronometrada em espaços concretos. O espaço escolar, espalha-se pelo blog do professor, Facebook, Orkut, Twitter, redes sociais dos protagonistas da educação?
Educador e alunos definindo o que é periférico e importante?
E para colocar mais pimenta nesta encruzilhada, não contávamos com as rápidas vias digitais. “No século 21, redes de banda larga serão tão cruciais para a prosperidade econômica e social quanto as redes de transporte, água e eletricidade” disse Hamadoun Touré, secretário-geral da União Internacional de Telecomunicações (ITU).
“Conectar regiões rurais remotas à internet e à telefonia móvel, ajudando a libertar os camponeses que vivem da agricultura de subsistência, anteriormente presos ao conhecimento local e aos mercados locais. São novos estudantes, com ensinamentos seculares e locais! Fica claro, que a escola precisa de uma reforma. Ser interativa! Coletiva! Em rede! “Banda largueada”. Como será ensinar para alunos conectados na rede com bandas gigantescas, trocando arquivos, experiências e percepções?
Uma era, onde a simples troca de informação é um motor de grandes mudanças Vivemos o choque entre a era do “seu diploma tem prazo de curta validade” com a pedagogia da era industrial? Do aprendizado em massa à interatividade? Do aprendizado individual ao colaborativo? Da padronização à personalização?
Somente juntos conseguiremos avançar as fronteiras do conhecimento individual para a mentalidade coletiva, saltar para o software da sabedoria das multidões. Vivemos um sopro renovador. São tempos de transição, vamos aprender o “pacifismo, a bondade, o perdão, o amor, a filantropia, a honestidade e a ternura”. No século XXI na era digital precisamos de humanos magnânimos, progressistas, talentosos, sensatos e probos.* Vivemos uma nova música global e como disse Nietzsche “aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a musica.“ Não use velhos mapas para descobrir novas terras! Boa viagem!
Gil Giardelli (Ceo da Gaia Creative, onde implementa ações de redes sociais e web colaborativa para empresas como BMW, Hospital Einstein, Mini Cooper, Grupo Cruzeiro do Sul entre outras. Professor de MBA e Pós graduação da ESPM – São Paulo e Brasília)
*Inspirado no artigo “A libertação no mundo por meio da banda larga” e nos livros “A hora da geração digital” e “Gestação da Terra”.
Leia mais: Como contra fatos não há argumentos, algumas idéias de mudanças
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
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Um comentário:
Sem dúvida, gente.
Tem muita coisa boa acontecendo por aí e a web 2.0 nos permite conhecer essas coisas, divulgar, participar.
Não utilizar isso na escola é, no mínimo, sacanagem com o aluno. É aprisioná-lo num mundinho que pretende esconder boas iniciativas num afã de tentar manter tudo como está.
Temos que optar. Afinal, que modelo de escola e sociedade queremos?
Tenho participado de boas experiências e, em colaboração com pessoas que não conheço pessoalmente e tenho aprendido bastante.
E mais, tenho podido canalizar, de forma saudável, minha rebeldia contra um modelo de escola na qual não acredito há muito...
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