Pensando essa coisa da inclusão digital e o ensino de língua estrangeira...Uma das primeiras coisas que ensinamos em inglês para uma compreensão instrumental são as noções de skimming e scanning. Skim é o que se faz quando se retira a nata do leite. Ler skimming é buscar fatos concretos - nata - a data do nascimento de alguém, nomes, idades, etc. Ler scanning tem a ver com o equipamento do computador ( transforma todo o texto em uma figura digitalizada - é ler em geral, digamos assim).
Estava dando aula para nosso primeiro ano e apresentando esses conceitos. Chegamos a uma discussão muito interessante : hoje em dia, até mesmo por conta do uso da Internet, estamos em uma era de skimmings. Abro uma janela atrás de uma informação que me leva a um link que me leva a outro etc...sempre tendo como linha aquilo que me será útil naquele momento. Conversamos sobre como é importante esse recurso, sobre como as pessoas com menos prática de Internet ainda não o dominavam, dissemos que isso também era uma forma importante de leitura.E aí, falando de scanning,eis que se chega a uma conclusão: falta scanning na nossa vida. Falta ver o todo, falta nos aproximarmos das coisas sem necessariamente termos uma utilidade pré-concebida para elas ( ao menos não sempre). Curtir a leitura e observar o panorama geral. Ver o contexto...
Bem, aí passamos a falar de pessoas, de como as vezes nós skim as pessoas e não as scan. Não aprofundamos: tiramos dela o que nos parece útil. Realmente gostei da discussão que me levou a pensar sobre inclusão e vida. Incluir é uma atitude, pressupôe aprofundar em algumas coisas, pressupôe construir contextos, interpretações e crenças próprias acerca da sociedade que nos cerca. Para mim a inclusão digital sem essa perspectiva humana é somente imposição de mais uma realidade tecnológica sem base ( como todos os comentários anteriores tem sugerido).
E tem outra coisa: Tenho lido muito acerca de quem é o professor digital - profissional do futuro - que dá mil aulas presenciais e virtuais e está sempre plugado. Acho toda essa imagem muito divertida, mas novamente fugimos do ponto. Se por um lado ainda temos muito o que superar em termos de "nos incluirmos" na era digital, por outro, nada disso vale sem a velha discussão de que professores queremos ser.Toda ferramenta tem seu objetivo e o sentido maior é construção nossa
sexta-feira, 30 de março de 2007
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